A temporada de Verão aproxima-se, novas legiões de turistas são aguardadas e, com elas, o aprofundamento de problemas infra-estruturais que afetam a maioria de nossas cidades litorâneas. Embora seja evidente que tais carências só serão atenuadas de forma significativa ou mesmo eliminadas se os poderes públicos dispuserem de recursos financeiros substanciais – o que é difícil, em face da distribuição desigual dos recursos determinada pelo atual pacto federativo – , é imperativo que se consiga ao menos evitar o ambiente de caos que se instala em nossas cidades e balneários quando ao aumento da população flutuante se aliam a chuva forte, as estiagens prolongadas ou as intempéries que comprometem o fornecimento de insumos básicos, como a água e a energia elétrica. O sistema viário, que constitui um capítulo à parte, deveria receber maior atenção, eis que os problemas decorrentes do excesso de veículos em trânsito são sobejamente conhecidos por todos.
O ideal é que os municípios consigam estabelecer programas e projetos de interesse comum, trabalhando juntos na resolução dos desafios mais ingentes. As áreas conurbadas devem ser administradas como tais, uma vez que a adoção de soluções compartilhadas não só se mostra mais eficaz como também é muito mais barata. Fornecimento de energia elétrica e de água, assim como a administração e ampliação do sistema viário inserem-se entre as rubricas que precisam ser observadas sob o prisma de um gerenciamento. A rigor, há décadas cada município tenta resolver seus desafios sem atentar para as necessidades e possibilidades de parceria com os vizinhos.
No caso da Ilha de Santa Catarina, é essencial que o trânsito seja melhor planejado, embora constitua uma obviedade cristalina o fato de a Ilha estar recebendo um número de visitantes muito superior ao que comporta. Na Lagoa da Conceição, por exemplo, a Avenida das Rendeiras não suporta mais o fluxo de veículos, mas as opções para sua ampliação esbarram nas exigências ambientais. Se esses são temas polêmicos que devem ser debatidos à exaustão por toda a sociedade, há os que podem ser enfrentados agora, com firmeza e determinação. É o caso da ampliação das redes de esgoto. Florianópolis não pode comprometer seu patrimônio natural, e tampouco pode voltar ao passado em que recebia alguns poucos turistas por ano. Precisa, isto sim, aparelhar-se dos instrumentos e serviços necessários para bem receber todos aqueles que a procuram, sem que seus moradores tenham prejudicada sua qualidade de vida.
(Editorial, DC, 30/10/2007)
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