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22/10/2007
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Lagoa da Conceição (poluição)

Todos os anos, Adriana Meyer, moradora do centrinho da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, recebe uma visita de técnicos da Casan. Utilizando uma substância chamada azul de metileno, eles verificam se o esgoto jogado diretamente na Lagoa e que sai por um cano diante da casa de Adriana é proveniente da residência dela. Como obtêm resposta negativa, não conseguem descobrir quem está poluindo a água na região.

Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma), o esgoto doméstico é hoje o maior responsável pela contaminação das águas da Lagoa da Conceição, um dos principais cartões-postais da Capital. E as ligações clandestinas, que jogam o esgoto diretamente no mar, são o maior problema para diminuir a poluição local, que degrada o ambiente, torna diversos pontos impróprios para o banho, pode provocar doenças e causa desconforto pelo mau cheiro.

No caso de Adriana, qualquer uma das casas próximas pode ter feito a ligação irregular. Os técnicos chegaram a lacrar o cano, mas não adiantou.

– Não sei onde foi estourar. Há anos que eles fazem teste e ninguém sabe de onde vem – conta ela, que foi a 12ª moradora da região a se ligar à rede de coleta da Casan, no início da década de 1990.

Outro sinal costuma aparecer com freqüência para lembrar os moradores da poluição da Lagoa: as algas, que se reproduzem em excesso devido à quantidade de sujeira.

Situação tende a piorar com o Verão

Lauro Chierighini, de 62 anos, que mora no Canto dos Araçás, costuma retirar as plantas por conta própria.

– Esse limo produz um cheiro horrível, que chega a se confundir com esgoto. Faço isso há 15 anos. Se a gente não fizer, não tem quem limpe.

Com a chegada da temporada de Verão, nos próximos meses, a situação tende a piorar ainda mais.

– A contaminação tem relação direta com o uso das praias – afirma o técnico da Fatma Marlon Daniel da Silva.

Segundo ele, que acompanha a realização dos relatórios de balneabilidade do órgão, hoje a poluição não é mais influenciada pelo óleo de cozinha dos restaurantes, que é entregue a empresas e reutilizado na fabricação de produtos como sabão e ração animal. Até alguns anos atrás, esse óleo era despejado na Lagoa.

A poluição gerada por combustível de embarcações também não seria tão relevante.

– Se existe, é um óleo fino. Tem pontos de coleta lá, e não temos encontrado valores alarmantes.

O maior problema seria mesmo o esgoto, que também acaba na Lagoa por causa de ou irregularidade: sistemas de tratamento individuais (fossas e sumidouros) que não são feitos de maneira adequada.

– Foi feita uma verificação na Costa da Lagoa e vimos que 70% das fossas e sumidouros foram construídos em área de preservação, na encosta da Lagoa – diz a procuradora da República Analúcia Hartmann, do Núcleo de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal.

– Onde tem o sistema da Casan, praticamente todos os pontos são próprios para banho. Com exceção de um, de onde saem os barcos – defende o engenheiro Jair Sartorato, da assessoria técnica da Casan.

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Na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, as águas são calmas e quentes, mas em alguns lugares ninguém mais pode tomar banho porque ele está poluído, com muita sujeira. Essa sujeira está aumentando porque, a cada ano, mais pessoas se mudam para a Lagoa. Muitas vão morar em casas construídas em áreas proibidas, onde não deveria haver nenhuma obra. Geralmente, o esgoto dessas casas é jogado na Lagoa, e ela fica mais suja. No Verão, muitos turistas vão para lá, e a Lagoa recebe ainda mais lixo.

(Estephani Zavarise, DC, 21/10/2007)

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