A Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) começou uma pesquisa com comunidades do entorno de Unidades de Conservação (UCs) – entre elas, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro – para medir o grau de conhecimento que os moradores têm sobre as áreas protegidas. O levantamento é feito em escolas estaduais, municipais e particulares, por meio de questionários que os estudantes levam para casa e respondem junto com os pais. “O objetivo é atingir as famílias”, explica a professora e integrante da equipe de educação ambiental da Fatma, Maria Cristina Peixoto Neves.
A pesquisa começou por três das dez UCs gerenciadas pela Fatma: os parques estaduais Serra do Tabuleiro (Grande Florianópolis e Sul do Estado), Acaraí (São Francisco do Sul, no Norte) e Fritz Plaumann (Concórdia, no Oeste). Os resultados serão usados para definir as diretrizes de educação ambiental do Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Santa Catarina (PPMA/SC), executado pela Fatma com recursos estaduais e do banco alemão KFW. “A maioria das pessoas desconhece o porquê de os parques existirem. Acontece que as pessoas que nem sabem que vivem em Unidade de Conservação. Precisamos ter o retorno desse questionário para saber como agir”, diz a pedagoga e também integrante da equipe de educação ambiental da Fatma, Rosana Magali Godoy.
A pesquisa começou em agosto, pelo Parque Fritz Plaumann. Na semana passada, foram recolhidos os questionários de 30 escolas do entorno do Parque do Tabuleiro e, em outubro, é a vez do Parque do Acaraí.
O trabalho de educação ambiental desenvolvido pela Fatma consiste em palestras e organização de visitas aos parques. A fundação tem um ônibus que é adaptado como sala de aula e percorre o Estado.
Construções já estão proibidas na área da Serra do Tabuleiro
A costureira Ana Maria da Costa mora na Baixada do Maciambu, em Palhoça, perto do Centro de Visitantes do Parque da Serra do Tabuleiro. Ela diz que conhece pouco sobre a unidade de conservação, mas acha importante a preservação ambiental. A costureira, porém, faz uma reclamação: “Queria construir outra casa no meu terreno, mas não posso”.
Ana Maria diz que mora no mesmo terreno há 33 anos e se sente tratada como “invasora”. “Sou favorável a preservar o meio ambiente, até para evitar invasões. Mas eles deveriam deixar que nós, moradores mais antigos, pudéssemos construir”, sugere.
Um dos vizinhos de Ana Maria, o pedreiro Agnaldo Rubertino Gonçalves, afirma que também mora há 33 anos na região e não pode fazer novas construções no terreno onde vive. “Nasci e me criei aqui. Minha mãe conhecia até a família que morava onde hoje fica o Centro de Visitantes”, conta.
Ele reclama que até a construção do salão paroquial da igreja ao lado de sua casa está parada por causa das proibições impostas pela Fatma. Mesmo assim, Gonçalves acha válida a existência do parque. “Tem de preservar, senão daqui a pouco está tudo desmatado”, reconhece.
O técnico-administrativo da unidade de gestão do Parque do Tabuleiro, Eduardo Mussatto, diz que é necessário saber a localização exata dos terrenos para fazer uma análise dos casos da costureira Ana Maria da Costa e do pedreiro Agnaldo Gonçalves.
A proibição de construir dentro de áreas de proteção, explica, está prevista nos sistemas nacional (Snuc) e estadual (Seuc) de unidades de conservação. Outras restrições estão incluídas no Código Florestal e atingem residências localizadas em qualquer lugar. “Os moradores podem fazer uma consulta à Fatma para saber as restrições ambientais em seu terreno”, diz.
Alunos conhecem fauna e flora
As visitas de turmas escolares são um dos meios encontrados pela Fatma para divulgar a importância das UCs. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, por exemplo, tem desde março de 2002 um Centro de Visitantes localizado na Baixada de Maciambu, no Sul de Palhoça. Nele, estudantes da região têm a oportunidade de obter informações sobre a flora e a fauna existente dentro do parque, por meio de exposições e expedições.
O estudante Gregory Freitas de Souza, da quarta série do ensino fundamental da Escola Municipal Areias de Palhocinha, de Garopaba, visitou o Parque da Serra do Tabuleiro pela terceira vez, junto com outros 52 colegas da mesma instituição. Ele conta que, nas vezes anteriores, viu antas, jacarés e capivaras e aprendeu uma lição: “Os animais e plantas têm que ser preservados. Aqui dentro ninguém pode fazer queimada ou matar animais, senão vai preso”.
Marcos de Souza, estudante da quarta série da mesma escola, estava ansioso para ver os jacarés do Parque da Serra do Tabuleiro. Ele conta que, em casa, a família faz a separação do lixo. “A gente divide em quatro lixeiras e também faz a compostagem”, afirma.
Os cuidados em separar o lixo são resultado do que o estudante aprendeu na escola. A professora Sandra Carlsem diz que a instituição tem projeto ambiental com alunos do ensino fundamental.
(Felipe Silva, A Notícia, 30/09/2007)
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1 Comentário
Ótimo projeto. Esse é o caminho.
Gostaria de saber sobre as leis que regulamentam a construcao na faixa litoranea do parque.