Florianópolis é a única Capital do Brasil a manter em apenas um dígito a taxa de mortalidade infantil. Embora os dados deste ano da Secretaria Municipal de Saúde não estejam fechados, em 2006 o índice foi de 9,1 para cada mil crianças nascidas vivas. No total foi registrado um óbito a mais que em 2005, quando o coeficiente foi de 8,7 por mil. Mas o número de cesarianas ainda é preocupante, representando 53% dos partos. De acordo com a pediatra Sônia Lansky, a técnica que substitui o parto normal representa maior risco de morte para o bebê.
Doutora em epidemiologia e coordenadora do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil de Belo Horizonte (MG), Sônia esteve, ontem, em Florianópolis para participar do 1º Seminário de Avaliação do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal da Capital.
Mesmo com os baixos índices de mortalidade de crianças, com até um ano de vida, ela mostrou-se preocupada com o alto número de cesarianas.
– É um absurdo programar o nascimento, e mais da metade das crianças de Florianópolis nascem desta forma – constatou.
– As mães devem estar cientes que em uma cesariana são sete vezes maiores os riscos de morte materna e o bebê tem duas vezes maiores chances de morrer – alertou.
Cirurgia nunca deve ser programada, diz especialista
Segundo ela, a intervenção cirúrgica aumenta as chances de morte perinatal, logo após o parto. Além disso, estas crianças têm maiores probabilidade de ficar com seqüelas, sem contar a interferência na amamentação nos primeiros dias de vida.
– Devemos levar em conta que as causas de morte são evitáveis com ações de saúde – destacou ela, ao comentar sobre os partos assistidos pela equipe de saúde.
A cesariana, ressaltou, é fundamental somente quando o parto normal não é possível e nunca deve ser programada.
Para a enfermeira e coordenadora do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil da Capital, Márcia Castanhel, a adoção de práticas que mantenham a taxa de mortalidade em apenas um dígito na Capital é um desafio.
Para ela, o sucesso no atendimento é fruto da prioridade na atenção às crianças em maternidades (públicas e privadas) com o projeto Capital Criança, que acompanha sistematicamente bebês e gestantes, e também o monitoramento da Vigilância Epidemiológica no controle e causas de óbitos. As causas investigadas apontam mortes relacionadas, principalmente, à prematuridade, crianças de baixo peso e anomalias congênitas.
Para o secretário de Saúde da Capital, João José Cândido da Silva, a obrigatoriedade das vacinas BCG e Hepatite B, em todas as maternidades, também contribui para o baixo índice da mortalidade infantil. Já as jovens contribuem para o grande índice de cesarianas, com crianças prematuras de até 600 gramas.
Óbitos até um ano de idade
Coeficente para cada mil/nascidos vivos por ano
Florianópolis 9
Santa Catarina 15
Brasil 24
(Ariadne Niero, DC, 09/08/2007)
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