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07/05/2007
Licenças ambientais em xeque
07/05/2007

Investigação bola de neve

As investigações da Operação Moeda Verde tomaram um efeito de bola de neve e tiveram de ser interrompidas para a prisão dos suspeitos, caso contrário não seriam encerradas tão cedo. A revelação é da delegada da Polícia Federal, Julia Vergara, que coordenou a operação na quinta-feira passada. Tomada a decisão, a equipe, comandada pela delegada de 28 anos, sabia que mexeria em um vespeiro.

O trabalho começou há nove meses, com a denúncia do Ministério Público Federal de concessão indevida de licença ambiental ao condomínio Il Campanario, em Jurerê Internacional. Era o fio da meada – e o início da bola de neve.

A partir das investigações desse caso foi descoberto o envolvimento de funcionários da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp) e da Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) na suposta liberação fraudulenta de licenças ambientais e urbanísticas.

De acordo com a coordenadora da operação, na seqüência foi constatada a participação do secretário da Susp, Renato Juceli de Souza, e do cunhado dele, o vereador Juarez Silveira.

Falastrão ajudou nas investigações policiais

A partir desse ponto, admite a delegada formada em Direito em 2002 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as investigações tomaram grande proporção.

A delegada afirma que depois do Il Campanario surgiram evidências da concessão de licenças ambientais indevidas ao Grupo Habitasul. Nos nove meses de investigação, foram rastreadas 150 mil conversas telefônicas.

A Polícia Federal não divulgou quantas pessoas tiveram o sigilo telefônico quebrado, mas informou que nem todas as pessoas que tiveram a prisão temporária decretada foram grampeadas.

Julia Vergara revela que depois apareceram outros empreendimentos com irregularidades e novas relações indevidas entre servidores públicos e empresários. Ela diz que uma das dificuldades foi descobrir as ligações entre cada caso.

Um dos fatores, no entanto, que colaborou muito com as investigações foi o próprio vereador Juarez Silveira.

Considerado cabeça do esquema pela Polícia Federal, ele falava muito nas ligações rastreadas, revela a delegada.

– Ele fala muito, e acabou soltando muita coisa.

De acordo com ela, vários empreendimentos irregulares tinham as impressões digitais do vereador. Junto com o cunhado, Renato Juceli de Souza, titular, agora afastado, da Susp, os dois comandariam a suposta comercialização de licenças ambientais. Juarez Silveira teria chegado a um ponto de oferecer serviços da Floram e da Susp aos empresários.

De acordo com a delegada, quando se analisa as licenças ambientais é possível perceber que muitas decisões não são compatíveis com os pareceres técnicos. Ela lembra ainda que até a deflagração da operação havia um senso comum na Capital de que os empreendimentos desrespeitavam a lei, mas ninguém fazia nada.

(Felipe Pereira, DC, 06/05/2007)

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