O conflito entre ecologistas e desenvolvimentistas ganhou novos contornos com a Operação Moeda Verde da Polícia Federal, que resultou na prisão temporária de 19 pessoas, quinta-feira passada. As investigações que apontam o envolvimento de empresários, políticos e servidores de órgãos ambientais em crimes contra o meio ambiente reacendem o debate sobre a falta de planejamento sustentável da Capital catarinense.
Para o coordenador do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Ecologia e Desenho Urbano e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Francisco Antônio Carneiro Ferreira, Florianópolis precisa mudar o modelo de desenvolvimento sob pena de acelerar ainda mais o processo, já crescente, de degradação ambiental.
– Florianópolis imita modelos errados, que não se adaptam às características peculiares da sua geografia, sem a consciência dos custos ambientais e sociais envolvidos. De que adianta divulgar a qualidade de vida da Capital se estamos acabando com ela? Temos que pensar se queremos crescer para a Ilha ou para o Continente, já que o território insular é limitado e com grandes áreas de preservação permanente – diz ele, que é representante do setor ambientalista no núcleo gestor do Plano Diretor.
O diretor executivo da Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Aliança Nativa, Alexandre Lemos, Florianópolis, por característica natural, tem vários ecossistemas muito frágeis que impedem o adensamento populacional em escala, além de ter problemas estruturais.
– A especulação imobiliária faz pressão sobre esta falta de capacidade na Ilha. A ocupação irregular gera estes crimes ambientais e a solução para isso é o Plano Diretor que está sendo revisto – afirma.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, os ambientalistas usam a especulação como mote para criar um mal-estar e uma visão equivocada da sustentabilidade da cidade. Segundo ele, o problema da Capital é fundiário e não imobiliário.
– O Plano Diretor não é cumprido e os zoneamentos são completamente fora das realidades socioeconômicas. Tudo isso acaba criando um clima de construção de uma cidade sem sustentabilidade, com desrespeito às leis ambientais. Os empreendimentos, como hotéis, resorts, edifícios, parques e shoppings, são necessários justamente para a sustentabilidade de um município porque garantem empregos e renda – defende.
O que pode acontecer
> A Justiça Federal explicou que a Operação Moeda Verde não pode resultar diretamente em embargo, adequação ou destruição dos empreendimentos. Para isso ocorrer, seria necessária uma ação civil ajuizada pelo ministério público.
> Alguns dos empreendimentos apontados pela Operação Moeda Verde – como os shoppings Floripa e Iguatemi – já foram alvo de ações civis por causa de questões ambientais e tiveram de fazer adequações ou acordos com a Justiça.
(Simone Kafruni, DC, 06/05/2007)
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