CPI blinda prefeito

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 22/05/2007).

A Câmara Municipal de Florianópolis frustra, outra vez, a população, prejudicando a sua imagem, no encaminhamento dado ao comando da CPI da Moeda Verde.

A aprovação da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar supostas irregularidades nos órgãos responsáveis por licenças ambientais, alvarás de construção e concessão de habite-se decepcionou as oposições. No primeiro movimento dos vereadores Xandi Fontes (PP) e Angela Albino (PC do B) de instalação de uma CPI, houve reação contrária da maioria dos vereadores. O Executivo controla o Legislativo, onde tem maioria tranqüila. Como houve protestos e os prejuízos seriam maiores para a Câmara e para o prefeito, Dário Berger (PSDB) orientou seus vereadores a apoiarem o requerimento. Resultado: o pedido foi aprovado por unanimidade.

As esperanças de um trabalho de investigação sério e isento pararam por aí. Na votação sobre a direção da CPI, novas surpresas. O vereador Jaime Tonello (DEM), que integra a oposição na Câmara, fechou com Berger, elegendo relator o vereador Deglaber Goulart (PSDB), líder do governo. E ele mesmo foi escolhido presidente.

Proteção

O vereador Xandi Fontes (PP) externou a sua indignação com a manobra política. Alegou, em primeiro lugar, que, sendo um dos autores do pedido, deveria ser presidente ou relator, como manda a tradição política dos parlamentos. Espantou-se com a inesperada mudança de Jaime Tonello, que, repentinamente passou para o governo, isolando o PP e os demais partidos de oposição. Anunciou que “a CPI vai dar em pizza”, citando o comando do Executivo sobre a maioria dos membros da comissão. Angela Albino antecipou que “será uma pizza verde, de brócolis”.

Tonello disse que votou com o governo para evitar a antecipação da campanha eleitoral de 2008.

O governo Dário Berger está no epicentro da Operação Moeda Verde. Foram presos o secretário de Serviços Públicos, Renato Souza; o presidente da Floram, Francisco Rzatki; o ex-líder do governo vereador Juarez Silveira; e o ex-presidente da Câmara, Marcílio Ávila. A Polícia Federal apreendeu, ainda, vários documentos no Ipuf.

Numa das conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal, o vereador Juarez Silveira (sem partido) ameaça implodir a Câmara e “detonar a administração Dário Berger”.

Como são visíveis as repercussões políticas e eleitorais da operação policial, a CPI blindou o prefeito Dário Berger. Executa um jogo político de alto risco.