Vocação: turismo

Saint-Marteen é uma ilha perto de Porto Rico. Metade pertence à França e metade à Holanda. Com 87 km2 tem 75 mil habitantes. Recebe por ano 2,5 milhões de turistas. O píer fica a 300 metros do Centro da capital, Philipsburg. Algo como estar na nossa Beira-Mar Norte. Recebe, por dia, nada menos que cinco navios de cruzeiros com até 10 mil turistas que gastam em média US$ 400 cada um. O aeroporto recebe vôos dos EUA, Canadá, França, Itália, Inglaterra e Alemanha. Aeronaves de grande porte como os “Jumbos” chegam a cada cinco minutos, passando a 20 metros de altura sobre os surfistas. Ao lado encontram-se os melhores hotéis e resorts da ilha, além de um sofisticado comércio com lojas de eletrônicos, jóias, perfumes, e restaurantes requintados. Trinta cassinos “padrão Las Vegas” somam 15 mil vagas de trabalho. Possui vocação natural voltada para o mar, o lazer e os esportes aquáticos.

Nas 47 praias, mais de 30 marinas com veleiros e megaiates acima de 320 pés, gerando milhares de empregos e aquecendo um invejável mercado de artigos e serviços náuticos. Não se vê nas ruas um desocupado. Não tem ambulantes, camelôs, flanelinhas, trombadinhas, artesão, hippies, andarilhos ou bêbados. A água é dessalinizada e de excelente potabilidade. Não se vêem favelas, rios, praias ou lagoas poluídas, nem esgotos a céu aberto. O trânsito é disciplinado, apesar de não haver em toda a ilha uma única sinaleira.

É uma universidade viva de turismo. Não tem ONG ambientalista, ecochatos de plantão nem aspones oficiais. Sete mil turistas diários gastando US$ 400 resultam num faturamento médio de US$ 2,8 milhões por dia, mais de US$ 1 bilhão/ano, descontando-se a época em que a ilha está sujeita aos furacões. De agosto a outubro ela esvazia.

Em Florianópolis a nossa maior conquista foi instalar uma bóia-âncora para atracar nove transatlânticos por ano trazendo praticamente apenas sofridos turistas brasileiros de baixo poder aquisitivo. Tudo seria diferente se Mauricio de Nassau obtivesse êxito na invasão holandesa de 1637.

Artigo de Luiz Lunardelli – Empresário (DC, 19/04/2007)