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Urbanismo

Os muitos apressados unem-se aos poucos descansados que se dão ao luxo de parar para olhar as vitrines e lotam o local que, olhado de longe, até confere aspecto de metrópole a Florianópolis, tamanho é o movimento dos passantes. Homens de terno, crianças que pedem esmola, mulheres que vão às compras, adolescentes que cantam com os pais para colaborarem no orçamento. Tudo é possível encontrar por ali, no Calçadão da Felipe Schmidt.

A rua mais famosa da cidade, onde comércio desenvolvido e vendedores ambulantes convivem pacificamente, exibe prédios centenários de arquitetura preservada e guarda grande parte da história florianopolitana e um pequeno, porém significativo, trecho da brasileira.

Mas, quando se fala em Felipe Schmidt, “mané” que se preze logo lembra do Café Ponto Chic, instalado na década de 1940, no Edifício São Jorge, em uma esquina da famosa rua com a Trajano. Inicialmente não havia mesas ao ar livre. O café era vendido em um balcão oval, no centro da sala. Também eram comercializados salgadinhos, doces, biscoitos, cigarros e charutos. Houve um tempo em que se vendeu até frango assado, peixe embalado, além de jornais e revistas.

A localização privilegiada do café, aliado ao produto oferecido, gerou a tradição dos freqüentadores de passarem por ali antes do início de qualquer atividade profissional.

Não foi à toa que, em 1979, foi criada uma fundação denominada de “Senadinho”, criada nos moldes do “Senatus Populusque Romanoram” e também conhecida como o “Senatus Populusque Florianopolitanus” (SPQF), ou seja, “O Povo e o Senado Florianopolitano”. Essas iniciais foram registradas no piso petit-pavé calçadão e eram conhecidas como “Senado Para Qualquer Fofoca”.

A trajetória de funcionamento do Café Ponto Chic/Senadinho ainda foi cenário de um dos episódios políticos mais marcantes da história catarinense, de repercussão nacional, que envolveu o ex-presidente João Baptista Figueiredo e deu origem à Novembrada.

A sua opinião

Por que o calçadão da Rua Felipe Schmidt é um dos 281 motivos para amar Florianópolis?
“Porque faz lembrar da infância e da juventude, do tempo em que ainda não existiam as lojas e que o Carnaval era ali.”
Mauricéa Portella, 61, dona de casa, Florianópolis
“É a nossa principal rua, um ponto de referência da cidade, que está sempre cheia de rostos daqui e de quem vem visitar.”
Adir Martins, 52, consultora de moda, Florianópolis
“O que mais me agrada é a diversidade de sotaques, do jeito de vestir e de se comportar de quem passa por aqui.”
Rodrigo Rezende, 26, vendedor, Rio de Janeiro
“Pela arquitetura que revela um pouco da história e pelo aconchego que oferece a quem anda ali.”
Maria das Graças Dornelles, 48, comerciante, Antônio Carlos

(Mariana Ortiga, DC, 24/02/2007)

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