O esgoto que chega no mar da praia da Tapera, no Sul da Ilha, próximo a locais de criação de ostras, poderia ser evitado se os moradores do bairro tivessem mais consciência ambiental, segundo o presidente do Conselho Comunitário do bairro, Lisandro Machado. Ele conta que a entidade conseguiu junto à Prefeitura de Florianópolis a doação de fossas e sumidouros para a comunidade, mas poucas pessoas se interessaram, e a maioria das casas despeja os dejetos em rios ou na rede pluvial. “Prometeram-nos o número de fossas que fosse necessário, mas apenas seis pessoas ligaram para nós”, relata. O bairro não tem rede de coleta de esgoto.
Existe um córrego que deságua na praia da Tapera e, segundo Machado, ele está poluído pelo esgoto despejado pelas casas da região. O presidente do Conselho Comunitário da Tapera diz que o mau cheiro no local costuma ser forte na foz do rio, de aproximadamente dois metros de largura. “É um rio em que o pessoal nadava e pescava. Hoje virou uma vala de esgoto”, lamenta.
Em outro ponto da praia, há um cano por onde deveria sair apenas água da rede pluvial. No entanto, segundo Machado, costuma correr esgoto por ali, de moradores que fizeram ligações irregulares na rede pluvial.
Outro ponto crítico do bairro fica na rua do Juca, onde uma vala de esgoto corre a céu aberto ao longo dos cerca de 800 metros da via. De acordo com o presidente do Conselho, 5 mil casas do bairro despejam os dejetos ali. O esgoto vai parar no mar, em uma área onde há produção de ostras e mariscos.
O extensionista do projeto de maricultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) Paulo de Tarso Rodrigues diz que as águas da região da Tapera e Ribeirão da Ilha são monitoradas freqüentemente e não apresentam problemas para a criação de moluscos. “É uma região com a qual temos bastante cuidado, mas a qualidade da água lá ainda é boa”, afirma.
A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) tem projetos prontos para implantar rede de esgoto e uma estação de tratamento para atender à Tapera e ao Ribeirão da Ilha. Os planos, no entanto, esbarram na falta de recursos, segundo o gerente de projetos da concessionária, Nelson Colossi. “Sabemos que aquela é uma área urbanizada e merece um sistema de esgoto adequado, mas o grande erro é achar que o esgoto é problema só dos governantes. Se não há rede de coleta, as casas têm de ter cada uma sua fossa até que ela seja instalada”, diz.
Proposto selo de qualidade para ostra da Grande Florianópolis
A elaboração de um selo como certificação da qualidade da ostra produzida na Grande Florianópolis foi um dos temas discutidos ontem no seminário “Melhoria do Processo Produtivo da Ostreicultura da Grande Florianópolis”, realizado no Morro das Pedras, no Sul da Capital. Cerca de 70 produtores e técnicos do setor de ostreicultura participaram do evento, que foi promovido pela Epagri, Associação Catarinense de Aqüicultura (Acaq) e Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis.
O extensionista da Epagri Paulo de Tarso Rodrigues explica que o selo serviria para promover comercialmente as ostras da Grande Florianópolis, pois seria um certificado de que elas foram produzidas com alto índice de qualidade em todos os processos. Outros temas abordados no seminário foram a criação de novos equipamentos e técnicas para a ostreicultura, além de estratégias de marketing para comercializar o produto catarinense em todo o país.
Atualmente, quatro cidades da Grande Florianópolis (Biguaçu, Palhoça, São José e a Capital) respondem por aproximadamente 95% da produção catarinense e 85% da nacional de ostras. O setor emprega cerca de 1,6 mil pessoas na região. Os maiores mercados consumidores são Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
(A Notícia, 06/12/2006)
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