Na última segunda-feira, por volta do meio-dia, a maré começou a subir a água avançou pela rua e inundou o pátio e as casas dos moradores da Terceira Travessa, ao lado da ponte sobre o Rio Tavares próximo ao trevo da Seta, no Sul da Ilha. Cristiane de Lima, de 20 anos, que mora numa casa à beira do rio, pegou a filha pequena e foi dormir nos vizinhos. Ainda ontem o assoalho da casa estava úmido e dava para ver a marca da água a cerca de dois palmos de altura nas paredes. “Durante a tarde de segunda-feira trabalhamos com água até o joelho tirando as cascas de berbigão”, disse.
Cristiane coloca as cascas de berbigão atrás de sua casa para tentar impedir o que a água chegue. Outros moradores constroem suas casas em palafitas. Numa propriedade ao lado, onde os moradores também trabalham com extrativismo de berbigão, eles não puderam trabalhar na segunda-feira. “Ficamos dentro de casa durante a tarde inteira e paramos todo o trabalho”, disse Marta Isabel Pereira, de 24 anos, que mora com o marido e um irmão. Cristiane ganha R$ 15,00 por dia com o extrativismo. Com esta renda consegue se manter, mas não adquire bem algum. Gasta todo o dinheiro com a manutenção da casa pagando as contas de água e energia elétrica, comprando comida e fraldas. Gostaria de mudar do bairro e fazer outra coisa.
Cristiane mora há oito anos em Florianópolis. Veio de Fraiburgo para morar com a mãe e saiu de casa aos 15 anos para casar. Quer trabalhar com cozinha ou artesanato. “Ainda vou me mudar. Pretendo voltar a estudar pintura e artesanato, que aprendi em Fraiburgo quando morei na Casa Lar”.
A comunidade também enfrenta a falta de um sistema de esgoto. Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), a empresa realiza coleta na Costeira do Pirajubaé, mas não chega até a comunidade. E como não atende a região o problema passa a ser também de agressão ao meio ambiente, já que o esgoto é lançado diretamente no rio e no mar.
Via assessoria de imprensa, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) informou que as casas estão em Área de Preservação Permanente (APP). Ao longo dos anos os moradores foram aterrando o mangue para construírem casas e os problemas são decorrentes deste aterro irregular. Sistemas de esgoto, por exemplo, não podem ser feitos porque as áreas precisam ser regulares.
Número de ocorrências no trânsito é alto
O filho da aposentada Iracema dos Santos foi atropelado na ponte sobre o rio Tavares, na avenida Diomício Freitas, ligação da Costeira do Pirajubaé ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz. O garoto estava de bicicleta na entrada da ponte quando um carro o acertou. Ele ainda está com a perna inchada e com a orelha arranhada.
A comunidade que mora entre a Costeira e o rio, próximo ao local do acidente, reclama de vários problemas, alguns ligados à malha viária na região. Não existe calçamento e as pessoas disputam lugar na pista com os carros. No momento, os atropelamentos que acontecem na avenida é o que mais preocupa os moradores.
Por isso a população local está fazendo um abaixo-assinado para solicitar a instalação de um controlador eletrônico de velocidade. A placa de trânsito que fica ao lado da ponte mostra que os veículos deveriam passar por ali a uma velocidade máxima de 40 Km/h. Parte do texto do documento afirma que “um controlador eletrônico é o anseio de mais de 20 anos da comunidade. Os acidentes com mortes e amputações e outras sequelas têm ocorrido neste trecho e não param mais”.
Representates do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) disseram que a rodovia é estadual e que cabe ao Departamento Estadual de Infra-Estrutura (Deinfra) a responsabilidade pela avenida. Segundo o superintendente do Deinfra, Romualdo do França, o governo do Estado e a Prefeitura estão estudando proposta de municipalização de vias estaduais em áreas urbanas e que a partir daí seriam possíveis obras de revitalização.
Moradores relatam histórias de acidentes
O proprietário da Mercearia Poup, que fica ao lado da ponte, Sérgio da Rosa, de 26 anos, disse que a placa que limita a velocidade no local a 40 km/h e nada é a mesma coisa. De acordo com ele, até caminhões e ônibus passam por lá em velocidade muito maior que a permitida. “Nos últimos quatro meses ocorreram quatro acidentes graves. E atropelamento de crianças já foram três”, revelou. Rosa lembra de um acidente que chocou os moradores. Um carro Gol parou na frente da igreja e foi fazer o retorno. Um motoqueiro bateu no carro e o piloto voou para o outro lado da ponte. “Ouvi dizer que as pernas do motoqueiro foram amputadas”, disse.
O músico Samuel do Espírito Santo, de 53 anos, conhecido como Samuka, fica preocupado com a velocidade com que os carros passam por lá. Como não há fiscalização por radar, conta as histórias mostrar o problema. De acordo com o músico, um Astra ia entrar na ponte, mas acertou o muro lateral. “O carro foi arrancando o muro e caiu dentro do rio. Os ocupantes do veículo foram parar em cima da árvore”, contou.
O trânsito também é motivo de queixa sempre que há jogos envolvendo o Avaí no estádio da Ressacada. Nestes dias as ruas se tornam mão única em alguns períodos e de acordo com o proprietário da mercearia, nesse tempo ninguém atravessa a avenida.
População cobra calçadas e áreas de lazer
O montador de divisórias Orlando Martins, de 34 anos, reclama da infra-estrutura que a prefeitura possibilita à região: não há calçadas e áreas de lazer, além de a iluminação pública ser deficiente. “A prefeitura cobra IPTU de todo mundo. Cobra e não faz nada. E se agente não paga, eles entram na Justiça”, disse.
Martins compara a situação da área – que está em área de mangue – com região semelhante no bairro vizinho Carianos, que também está na mesma situação. “A prefeitura dá toda a infra-estrutura, desde calçamento até esgoto. Um terreno lá custa R$ 50 mil. Porque o tratamento conosco é diferente?”, questionou.
A aposentada Iracema dos Santos disse que a única área de lazer para as crianças é a rua sem calçamento que fica na frente da casa dela, ao lado da ponte. “O espaço para as crianças brincarem é esta rua aí. E às vezes ainda passa um motoqueiro maluco”, reclamou.
(Maurício Frighetto, A Notícia, 24/08/2006)
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. O cookie é usado para armazenar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Analíticos". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Os cookies são usados para armazenar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Necessários". |
viewed_cookie_policy | 11 meses | O cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent e é usado para armazenar se o usuário consentiu ou não com o uso de cookies. Ele não armazena nenhum dado pessoal. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
collect | sessão | Usado para enviar dados ao Google Analytics sobre o dispositivo e o comportamento do visitante. Rastreia o visitante através de dispositivos e canais de marketing. |
CONSENT | 2 anos | O YouTube define este cookie através dos vídeos incorporados do YouTube e regista dados estatísticos anônimos. |
iutk | 5 meses 27 dias | Este cookie é utilizado pelo sistema analítico Issuu. Os cookies são utilizados para recolher informações relativas à atividade dos visitantes sobre os produtos Issuuu. |
_ga | 2 anos | Este cookie do Google Analytics registra uma identificação única que é usada para gerar dados estatísticos sobre como o visitante usa o site. |
_gat | 1 dia | Usado pelo Google Analytics para limitar a taxa de solicitação. |
_gid | 1 dia | Usado pelo Google Analytics para distinguir usuários e gerar dados estatísticos sobre como o visitante usa o site. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
IDE | 1 ano 24 dias | Os cookies IDE Google DoubleClick são usados para armazenar informações sobre como o usuário utiliza o site para apresentá-los com anúncios relevantes e de acordo com o perfil do usuário. |
mc .quantserve.com | 1 ano 1 mês | Quantserve define o cookie mc para rastrear anonimamente o comportamento do usuário no site. |
test_cookie | 15 minutos | O test_cookie é definido pelo doubleclick.net e é usado para determinar se o navegador do usuário suporta cookies. |
VISITOR_INFO1_LIVE | 5 meses 27 dias | Um cookie colocado pelo YouTube para medir a largura de banda que determina se o usuário obtém a nova ou a antiga interface do player. |
YSC | sessão | O cookie YSC é colocado pelo Youtube e é utilizado para acompanhar as visualizações dos vídeos incorporados nas páginas do Youtube. |
yt-remote-connected-devices | permanente | O YouTube define este cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando o vídeo do YouTube incorporado. |
yt-remote-device-id | permanente | O YouTube define este cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando o vídeo do YouTube incorporado. |
yt.innertube::nextId | permanente | Este cookie, definido pelo YouTube, registra uma identificação única para armazenar dados sobre os vídeos do YouTube que o usuário viu. |
yt.innertube::requests | permanente | Este cookie, definido pelo YouTube, registra uma identificação única para armazenar dados sobre os vídeos do YouTube que o usuário viu. |