Tanto o prefeito Dário Berger quanto as lideranças comunitárias do Sul da Ilha de Santa Catarina concordam que os principais problemas da região são a falta de pavimentação e drenagem e o funcionamento dos postos de saúde. Os três assuntos foram levantados ontem durante mais uma edição do programa Prefeitura nas Comunidades. Pela manhã, houve reunião com a presença do primeiro escalão da Prefeitura, moradores e líderes comunitários. Depois do almoço, foram realizadas visitas às obras da Prefeitura na região.
“Parte dos problemas com drenagem e pavimentação estão sendo resolvidos, assim como a construção de uma policlínica para acabar com as pendências na área da saúde”, disse o prefeito pouco antes do início da reunião. Enquanto ele conversava com os repórteres, a moradora Janaína de Abreu abordou Berger para reclamar do fechamento temporário do posto de saúde do Morro da Pedras. “Ele vai ser fechado para a execução de uma reforma”, reclamou.
Durante a reunião o assunto voltou a ser levantado, sendo indicada a necessidade de uma alternativa enquanto as obras estiverem em andamento, a ser definida entre a Secretaria de Saúde e os moradores. Uma prova do reconhecimento do problema foi dada pelo secretário do Governo, Gean Loureiro. “A policlínica daqui está em andamento, assim como a da Armação. Hoje vamos assinar a ordem de serviço para o início da policlínica do bairro da Tapera”, destacou.
“Essa é uma região historicamente abandonada pelo Município”, destacou Loureiro, assinalando que “muitas reivindicações são simples de serem resolvidas e por isso reuniões como essa são importantes”. As ações executadas atualmente pela Prefeitura foram destacadas por Berger logo no início da reunião – cerca de 50 ruas pavimentadas, obras na área da saúde e a ampliação das vagas nas escolas e creches, entre outras.
Tanto o secretário quanto o prefeito destacaram como ações importantes do poder público a implantação do sistema de tarifa única, o que reduziu o preço das passagens para a região. “Para quem pagava R$ 2,70 e passou a pagar R$ 1,75, a melhora foi importante”, destacou Loureiro. “O transporte público era um grande problema para os moradores do Sul da Ilha, mas com a tarifa única isso foi contornado”, disse Berger. Além dos secretários e outros funcionários da Prefeitura, a reunião contou com a presença de líderes comunitários e moradores de todos os bairros da região, desde o Rio Tavares até a Ribeirão da Ilha e o Pântano do Sul.
Comunidade quer área de lazer
Além de ouvir as reivindicações das lideranças e moradores do Sul da Ilha, o prefeito Dário Berger foi intimado a resolver uma disputa interna na entidade que representa o bairro do Morro das Pedras. O problema foi levantado pela moradora Janaína Abreu, acompanhada por outras lideranças locais. “A área de lazer que tínhamos aqui, uma das poucas na região, foi fechada pelo presidente da Associação Comunitária do Morro das Pedras”, disse.
Além disso, “a quadra de esportes não pode ser usada e o canteiro com plantas medicinais, usadas em chás, pomadas e xaropes, foi desativado”, reclamou. “Estamos pensando em ingressar com uma queixa no Ministério Público estadual para ver esse problema resolvido”, acrescentou Janaína. Ela queria saber de Berger se poderia participar da reunião, ficando satisfeita ao ser informada que o encontro “é exatamente para isso”, explicou o prefeito.
Para o presidente da entidade citada por Janaína, Marcos Aurélio de Jesus, a sede está sem condições de uso e “entra gestão sai gestão, ela não recebe nenhuma atenção do poder público”, salientou. Marcos foi um dos participantes mais ativos da reunião de ontem de manhã, apresentando os principais problemas de seu bairro, como a pesca predatória na Lagoa do Peri (espaço de lazer da comunidade) e a extração ilegal de sementes de mariscos dos costões da região.
Além disso, os becos do Agenor, do Plácido, da Severina, do Norato e da Curva da Lagoa do Peri, “estão precisando de pavimentação, postes e iluminação pública”. Como as vias foram abertas informalmente, sem autorização do poder público, “a Prefeitura simplesmente não considera a existência dessas ruas. Mas elas existem e servem aos seus moradores, por isso precisam ser conservadas”, disse Jesus.
Ele também reclamou a permanência de um olho d’água sob o leito da rodovia SC-406, implantada há cerca duas décadas. “E lá se vão 20 anos que a comunidade envia ofícios, encaminha e-mails e telefona sem que o problema seja resolvido. Nos dias de chuva aquele trecho fica completamente alagado, provocando acidentes e fazendo com que os carros lancem águas nas pessoas que transitam”, complementou o presidente da Associação de Moradores.
A falta de pavimentação em algumas ruas motivou reclamações de Lúcia de Fátima Hopers, funcionária de um hotel em Morro das Pedras. Ela reside na rua Fidélis Govoni que, em dias de chuva, fica intransitável. “A água cobre quase toda a rua e a gente precisa se deslocar pelos cantos junto aos muros”, destacou. O empresário do ramo hoteleiro Pablo Balbis reivindica a criação de uma colônia de férias na temporada, “pois as mãos que desejam trabalhar nesse período não têm onde deixar os filhos”.
Organização é considerada fundamental
A criação da Associação do Balneário dos Açores e a escolha de uma diretoria começa a dar resultado. Após reunião com representantes da Secretaria de Obras, os moradores conseguiram a instalação de placas de trânsito e de orientação e a implantação de faixas de pedestres nos trechos de maior movimento. “Também conseguimos a melhoria na iluminação pública e a colocação de postes que faltavam”, observou o presidente da entidade, Adriano Diniz, administrador com 38 anos de idade.
O próximo passo será a eliminação de quatro pontos de freqüentes inundações em Açores. As áreas alagam por causa do assoreamento da rede de drenagem, solução já encaminhado pela Prefeitura. “Antes não havia união dos moradores, mas depois que isso aconteceu as coisas começaram a acontecer”, disse Diniz. Ele citou a construção de uma cancha de bocha, melhorias no campo de futebol local e a execução de uma quadra de areia para a prática do vôlei.
Além disso, a lagoa existente no bairro (Praça da Lagoa), cercada por eucaliptos que afetam o lençol freático, vai ser reflorestada com espécies nativas. Na próxima segunda-feira os eucaliptos serão cortados, ação resultado de projeto aprovado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram). “Estamos com 80 mudas de plantas nativas e frutíferas que vão ocupar o lugar dessas planta exótica”, complementou o presidente da associação de Açores.
(Celso Martins, A Notícia, 14/07/2006)
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