Meio ambiente
21/07/2006
Orgulho manezinho
22/07/2006

Diogo Mainardi é o colunista com o maior índice de leitura na imprensa semanal do Brasil. Tem uma posição arriscada, porque não se limita a atacar Lula. Ataca o próprio Brasil, as nossas insuficiências, os nossos complexos. Calcado em Nelson Rodrigues antes da Copa do Mundo de 1958, acredita que o Brasil nunca se livrará da situação de vira-latas entre as nações.

Diogo exagera, claro. Mas não muito. Acabo de ler a revista Newsweek que rela­cionou Florianópolis entre as” 10 cidades mais dinâmicas do mundo”. Está ao lado de Lãs Vegas, Munique, Toulouse, Ghaziaba, na índia, entre outras. Essas cidades duplicaram ou triplicaram suas populações nos últimos vinte anos.

Cada uma teve o apoio de alguns fatores para despertar o seu dinamismo. Las Vegas, por exemplo, além do jogo e dos cassinos, instalou em seus domínios um gigantesco pólo de informática. Toulouse é a sede da fábrica Airbus, que compete com a Boeing americana no mercado mundial dos grandes jatos.A cidade indiana é sede de multinacionais gigantescas como a Coca Cola e a British Tobaco.

Nossa cidade multiplicou por três sua população dos anos 70 até hoje, devido a uma conjugação de fatores. Estes foram inicialmente a transferência da Eletrosul, o crescimento vertiginoso e com quali­dade de sua Universidade Federal, que acabou contaminando todo o setor de educação.

Atualmente, Florianópolis e as cidades vizinhas, com campus avançados da Unisul e da Univale, sem falar na própria Udesc, ostentam um índice inve­jado por todos, fato lhe dá a liderança da escolarização no Brasil. O pólo de infor­mática, iniciado pela Certi, é um dos mais ativos do país. Além disse ainda contamos com ótimos projetos, como o do Sapiens Park.

A revista Newsweek ressalta que o desenvolvimento de Florianópolis, atraindo moradores abonados do centro do país, deve-se ao seu cenário: 100 pra­ias de areia fina, duas baías calmas, pro­picias à navegação, praticamente isenta de excluídos sociais. E que a intenção dos governos estadual e municipal é criar na cidade um equivalente ao ” Vale do Silício” , da Califórnia.

Aqui é que quero adotar a postura do colunista da ” Veja”. Vale do Silício? Duvido! Os melhores e mais qualifica­dos empreendimentos do governo e da iniciativa privada estão sempre enrola­dos num cipoal de recursos, proibidos por liminares requeridas por promotores e deferidas por juizes.

O campo de golfe do Costão do Santinho está paralizado há quase um ano; todas as marinas até hoje projetadas na cidade sucumbiram diante do ataque dos ecoxiitas, apoiados pela Justiça. Jurerê Internacional implementa os seus projetos depois de percorrer um calvário , cercado de advogados e é um projeto em que o empresário renunciou às taxas de ocupação e de gabarito pre­vistas pela Prefeitura.

A municipalidade de São José quer ver o prosseguimento de sua elegante av. Beira Mar. Mas não pode: a obra está atolada num emaranhado de ações na Justiça federal. O acesso ao aeroporto de Florianópolis não sai porque falta uma autorização do lbama… E assim vamos.

Daqui a 10 ou 15 anos, a revista Newsweek publicará uma reportagem sobre as cidades que poderiam ser dinâmicas e feneceram. Florianópolis comparecerá, com várias noticias – sendo uma delas a ocupação da área do Sapiens Park pela favela do Siri, em Canasvieiras.

É a única iniciativa que cresce, em Florianópolis, sem ser acossada por nen­hum procurador
(Artigo de Paulo da Costa Ramos, O Estado, 21/07/2006)

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