Considerada, há alguns anos, uma das capitais mais pacíficas do país, hoje Florianópolis nem de longe sugere isto. Muitos moradores de outras grandes cidades brasileiras aqui chegaram e se instalaram em busca de um lugar mais tranqüilo e seguro. Dificilmente o fariam hoje se consultassem as estatísticas da violência e da criminalidade, que transformaram os moradores da Capital e seu entorno em reféns do medo. Esta é a percepção vigente em todos os segmentos sociais e em todas as áreas da região metropolitana, dos bairros de maior poder aquisitivo aos mais carentes, incluindo favelas e invasões.
A nossa é uma população acossada pelo medo, e pelo sentimento de desvalia e abandono por parte dos poderes públicos, que têm como uma das suas mais importantes missões garantir a segurança do povo e a paz social. E esta percepção se evidencia nos resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Mapa, por encomenda do Movimento FloripAmanhã, que foram divulgados ontem (7/6). O levantamento conferiu que quatro em cada 10 moradores da Capital já foram vítimas de assaltos ou agressões físicas, e que 45% tiveram alguma forma de contato com a violência das ruas nos últimos cinco anos.
Que a escalada da violência alterou significativamente a rotina da cidade, que por questão de segurança abandonou muitos dos costumes que conferiam especial encanto à vida urbana, já se evidenciara mesmo ao menos atento dos observadores. A eloqüência fria e exata das estatísticas agora o comprovam. Segundo a pesquisa Mapa, 56% dos moradores passaram e evitar os passeios pela cidade, só se deslocando por obrigação ou necessidade; 36% já evitaram sair de casa, em algum momento, por medo à violência das ruas. Os percentuais levantados se aproximam aos registrados em pesquisas semelhantes realizadas em algumas das mais conturbadas metrópoles do país. E isto deprime a qualidade de vida, prejudica a atividade econômica, e sublinha a urgência da definição de novas políticas públicas para tratar a questão da violência urbana como prioridade.
No curto prazo e como resposta ao clamor da sociedade produtiva, há que se investir maciçamente para reprimir com mais eficiência a delinqüência que se alastra nos cenários urbanos e os domina pelo medo. Para 64% dos entrevistados pelo Mapa, em Florianópolis, o tráfico de drogas é a maior ameaça à sociedade e o maior fato gerador da violência. Este deve ser um alvo preferencial da repressão. Cabe esperar que os números levantados nesta pesquisa motivem esforços e ações pontuais para desfechar uma guerra sem quartel à marginalidade nas ruas. Tolerância zero, justiça rápida, fim da impunidade.
(Editorial, DC, 08/06/2006)
Confira a íntegra da pesquisa promovida pelo FloripAmanhã.
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