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Reformas alteram panorama cultural

A maior novidade das obras que estão sendo realizadas em três instituições do governo do Estado em Florianópolis (Masc), Palácio Cruz e Sousa e Teatro do Centro Administrativo), é que o Museu de Arte de Santa Catarina, localizado dentro do Centro Integrado de Cultura (CIC), estará apto a receber telas e exposições de qualquer lugar do Brasil e do mundo, a partir de março, graças à climatização do espaço. E o objetivo final é esse: trazer A Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles.

Quem garante é o engenheiro eletricista Amilton Coelho, que coordena o plano de revitalização do Masc. Em 2005, o projeto foi aprovado pelo Mecenato da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (MinC), no valor total de R$ 705 mil. Até o momento, e ainda no ano passado, o museu conseguiu apenas um parceiro, que lhe repassou R$ 350 mil.

– O projeto aprovado pelo Mecenato é de R$ 705 mil, mas só conseguimos metade dessa verba em 2005. Esperamos que neste ano, vendo que o dinheiro foi bem aplicado, que realmente revitalizou uma parte do Masc, consigamos o resto da quantia – diz Coelho.

Algumas das mudanças pelas quais o Masc vai passar são a mudança de algumas portas e janelas estragadas, a construção de uma mezanino para guardar materiais e para ajudar a organizar melhor o acervo do museu, de cerca de 1,6 mil obras (entre elas, Di Cavalcanti, Hassis, Eduardo Dias etc.).

– Para que se tenha uma idéia da necessidade urgente de mais espaço e de mais organização, o museu recebeu, nestes últimos dois anos, um volume de 200 obras novas – afirma Coelho.

O mais importante da revitalização, no entanto, está na parte técnica, que possibilitará ao Masc receber as obras de todo lugar com segurança. O museu terá mais divisões de salas. Por exemplo, haverá uma sala só para as telas a óleo, outra apenas para as obras em papel e uma terceira para esculturas e obras de maior volume. Isso porque serão instalados aparelhos de ar-condicionado (splits) em cada ambiente, o que inviabiliza um central de ar refrigerado, já que cada salão terá uma temperatura diferente.

– Vamos adequar as salas para temperaturas, níveis de umidade e de partículas diferentes. Até hoje, a refrigeração era feita com ventilador. Agora, a temperatura média dentro das salas vai ser de 22 graus, podendo ir a 24 ou descer a 20 graus. O ar-condicionado será setorizado, e a taxa média de umidade vai ser 55%, podendo ir a 65% ou descer a 45%. Serão instalados filtros que retêm partículas, para impedir a degradação das obras. Tudo isso para que possamos receber obras do circuito nacional e internacional. O que sempre ocorreu foi as exposições pularem de Curitiba (PR) para Porto Alegre (RS). Queremos mudar isso – diz Coelho.

O museu será dividido em salas de reserva técnica (o acervo), de exposições e mostras e de trânsito (onde as obras são preparadas para serem expostas). Ao todos, serão instalados 12 splits, sendo cinco na sala de exposição. Já a área da reserva técnica necessita de refrigeração 24 horas por dia, em todos os 365 dias do ano.

– Queremos que até setembro deste ano receber A Primeira Missa do Brasil, do Victor Meirelles. Imagine que esse quadro passa a vida toda em ambientes refrigerados e, chega aqui, só tem ventiladores. Não é possível, mas com as obras e melhorias isso será possível – diz Coelho.

Uma segunda fase do projeto será uma revisão de toda a parte elétrica (que está sendo feita parcialmente), devido à grande quantidade de novos aparelhos (em especial os splits). Outras duas salas de acervo seriam remodeladas, com climatização, e uma sala para obras em trânsito.Um novo teatro está em fase de construção na Capital, para se juntar ao Ademir Rosa, no CIC, o Álvaro de Carvalho (TAC) e o Ubro, no Centro da cidade – para citar só os maiores. O novo espaço ficará localizado dentro do Centro Administrativo do Governo do Estado, na rodovia SC-401, onde antes era o auditório Governador Pedro Ivo Campos. O teatro manterá o nome do ex-governador.

Teatro Pedro Ivo Campos terá capacidade para 700 pessoas

As obras já começaram, e o antigo auditório, com capacidade para cerca de 400 pessoas, passará ater 700 lugares, segundo o engenheiro e fiscal das obras, Yann Pizzolatti. A construção ficou sob responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis. O orçamento é de cerca de R$ 2,7 milhões.

– A licitação dava um prazo de seis meses para a conclusão do teatro, e já estamos trabalhando há pouco mais de um mês. A fase em que estamos agora é a de demolição da parte que vai ser ampliada, estaqueamento e colocação de vigas e blocos de fundação – afirma Pizzolatti.

Segundo o engenheiro, o teatro terá um palco de 450 metros quadrados, um proscênio móvel, quartelada com assoalho de madeira, as cortinas de fundo, entre outros equipamentos. Os sistemas elétricos e de iluminação básicos já estarão à disposição dos grupos e companhias de teatro, mas a produção de cada espetáculo poderá fazer as mudanças que quiser nessa parte. Haverá ainda revestimento acústico em todo a sala.

Além da revitalização dos jardins do Palácio Cruz e Sousa, na Praça 15 de Novembro, no Centro da cidade, está também em andamento o trabalho de restauração interna do Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC), pois paredes com pinturas, estamparias e elementos tridimensionais, estão em, estado precário devido à ação do tempo.

O dinheiro das reformas iniciais, em cinco salas veio do Ministério da Cultura (MinC), por meio de uma emenda do deputado federal Edison Andrino, no valor de R$ 160 mil e foi repassada através de Convênio com a Associação de Amigos do MHSC. As salas escolhidas são as que apresentam o pior estado de conservação. Outras melhorias são a instalação de uma porta automática na entrada principal e nas instalações elétricas.

Para a restauração das salas, segundo Susana, não houve necessidade de concorrência pública, pois os valores dos serviços não ultrapassam o limite de R$ 15 mil previsto em lei. A restauradora e conservadora Susana Cardoso Fernandez foi contratada como consultora, já que participa de estudos sobre o Palácio Cruz e Sousa desde 1996.

A conclusão desta primeira etapa de restauração esta prevista para outubro, sendo que outro projeto já foi encaminhado para o MinC para dar continuidade e tentar recuperar todas as outras salas do palácio.
Felipe Lenhart – DC, 05/01/2006

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