Tombada como patrimônio natural de Florianópolis pelo decreto municipal número 135/88, a Lagoinha Pequena está praticamente abandonada e servindo para o depósito de lixo, o descarte de pequenos animais como cães e gatos, além de local de churrascadas e piqueniques e a prática de motocross e jeep cross.
Situada entre os bairros do Rio Tavares e Campeche e com uma área de 27,5 hectares – cerca de 270,5 mil metros quadrados – o local é freqüentado por centenas de pessoas nos finais de semana, quase todas deixando as marcas pelo meio da restinga. Em vários pontos do entorno da Lagoinha existe vegetação queimada e, segundo moradores, provocadas pelas mesmas pessoas que jogam seus lixos irregularmente.
“Eles chegam de carro, estacionam, se deslocam até o meio do mato e largam os sacos com o que não querem mais. Depois tocam fogo e vão embora”, diz uma moradora próxima das margens da Lagoinha e que observa todos esses movimentos quase diários. “Muitos passam com os seus veículos e jogam os sacos de lixo pela janela sem parar”, acrescenta.
Por esse motivo são encontrados desde vidros (garrafas principalmente), plásticos (muitas sacolas) e papéis, restos de material de construção e de podas de vegetação, até mesmo um vaso sanitário e armação de guarda-sol. Segundo moradores, os fiscais da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), órgão responsável pela manutenção da área protegida, raramente aparecem para fiscalizar os usos da Lagoinha.
Devido à ausência da Floram, as margens são tomadas por dezenas de veículos nos finais de semana, principalmente no verão, apesar da existência de obstáculos visando impedir o acesso – pedras e troncos de madeira. “O pessoal dá um jeito e vai se enfiando”, assinala Ortência Liopes Ferrara, residente no Campeche e que costuma caminhar pelas margens da Lagoinha.
Encontrada a área desejada, essas pessoas improvisam churrasqueiras com pedras e tijolos, assam suas carnes, comem, bebem e tomam banho de água doce. No final, deixam os restos de carvão, ossos, latas, garrafas e sacos plásticos espalhados por todo canto. Muitos costumam praticar motocross e jeep cross, provocando danos na vegetação e nas margens – as marcas deixadas por esses veículos ainda podem ser vistas em vários pontos da Lagoinha.
O superientendente da Floram, Francisco Rzatki, garantiu que vai mandar uma equipe de fiscalização até a Lagoinha. “No final de semana vou colocar dois fiscais para que verifiquem esse problema da freqüência ao local”, disse. Rzatki também ficou de entrar em contato com a Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap) para que envie funcionários que possam retirar o lixo acumulado.
Animais são abandonados
Outro problema grave na região da Lagoinha é o descarte de animais domésticos, principalmente cães e gatos. Na terça-feira de manhã, estavam no local quatro gatinhos recém-nascidos, dentro de uma caixa de papelão envolvida com plástico, colocados sob uns arbustos. Quem passou pelo local e ouviu os miados teve que parar e observar o que estava acontecendo.
“Os gatinhos mal abrem os olhos”, observa Elka Gouveia, 36 anos, residente nas imediações. “Já telefonei à Prefeitura para avisar da presença de outros animais deixados aqui, mas informaram que não existe um setor que possa cuidar deles”, conta. “Uma vez, estava passando uma viatura da Polícia Militar e eu avisei, mas eles alegaram que não podiam fazer nada.”
Os animais são deixados nas margens da Lagoinha e ao longo das trilhas que atravessam a área em direção ao mar. “Toda vez que eu vejo isso eu choro com pena deles”, desabafa. Outros moradores confirmam que o local se transformou num ponto de descarte de animais domésticos. O abandono de animais é crime, segundo a legislação brasileira.
Celso Martins – AN Capital, 05/01/2006
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