O motor da mudança será a chamada economia criativa, um conjunto de negócios baseados no capital cultural e intelectual, que gera 30 milhões de empregos no mundo e movimenta em torno de US$ 2,5 bilhões (R$ 14 bilhões) por ano.
A Associação FloripAmanhã é uma das articuladoras dessa iniciativa de governança, junto com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), universidades (Udesc e UFSC), Sebrae, Floripa Convention & Visitors Bureau, Floripa Conecta, Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF) e Prefeitura. Apesar das dificuldades provocadas pela pandemia, o trabalho continua. Em agosto, uma reunião por teleconferência definiu fevereiro de 2021 como data para a realização de uma oficina que irá ampliar o debate e agregar novos atores sociais ao movimento.
“Estamos fazendo um trabalho conjunto com outras instituições para requalificar o centro histórico, de maneira que ele possa ser repovoado depois das seis horas da tarde”, diz a presidente da Associação FloripAmanhã, Anita Pires. “Nesse desafio, é fundamental contar com atividades da economia criativa, como gastronomia, moda, arquitetura, design e outras”. Ela ressalta a importância da criação de um plano diretor específico para a região, que incentive sua ocupação tanto para morar como para trabalhar, estudar e se divertir.
O gerente de articulação e negócios da CDL de Florianópolis, Hélio Leite, que coordena o Distrito 48, explica que a iniciativa tem uma visão de longo prazo: “Queremos criar um espaço público de qualidade, voltado para pedestres, com restaurantes, bares e cafés, onde o comércio possa abrir até mais tarde e algumas atividades se alonguem para proporcionar alternativas de lazer após o trabalho”, afirma. “A ideia é resgatar toda a beleza arquitetônica e a riqueza histórica do nosso patrimônio imaterial”.
A revitalização da área leste do centro ganhou impulso em novembro de 2019, quando a Câmara Municipal aprovou uma lei de incentivos fiscais às startups que se instalarem no perímetro alvo do programa – entre a rua Trajano, a avenida Hercílio Luz, a rua Artista Bittencourt e o Terminal Cidade de Florianópolis. Em setembro, uma empresa contratada pela Prefeitura deve começar as obras de requalificação do entorno da Praça 15, com troca do pavimento de paralelepípedo por blocos de concreto intertravados, mais permeáveis à água da chuva, e nivelamento da calçada.
Na avaliação do professor sênior do Departamento de Engenharia do Conhecimento da UFSC, Neri dos Santos, o Distrito 48 é um modelo de desenvolvimento e inclusão social a ser levado a outras regiões da capital. Para que a revitalização seja bem sucedida, afirma, é fundamental adotar políticas públicas que incentivam atividades criativas e de lazer, assim como a habitação de baixo custo. “O poder público municipal tem de animar a região”, sugere. “Se as pessoas não morarem lá, não há sustentabilidade no desenvolvimento”.
Neri dos Santos menciona três exemplos exitosos de cidades que conseguiram recuperar suas áreas centrais degradadas: Barcelona (Espanha), Lisboa (Portugal) e Vancouver (Canadá). O Distrito de Inovação @22, em Barcelona, foi revitalizado graças a uma mudança no plano diretor que permitiu a ocupação centrada em três eixos: ensino; pesquisa e desenvolvimento; e moradia barata, sobretudo para casais jovens de baixa e média renda. Na capital portuguesa, o Bairro Alto, onde predominavam cortiços, é hoje uma das áreas mais valorizadas por artistas e empresas da economia criativa. Vancouver estabeleceu um plano para se transformar, até 2030, na cidade mais arborizada e sustentável do mundo.
“Temos muita clareza de que esse trabalho demanda uma parceria público-privada”, diz Anita Pires. “As coisas não serão fáceis, mas podemos dar apoio à Prefeitura com a competência dos profissionais das universidades e das empresas”. Uma das sugestões em debate é agregar o conhecimento de mestrandos e doutorandos da UFSC e Udesc ao planejamento e às ações do poder público, por meio de bolsas. A Prefeitura também cogita criar um programa de residência para profissionais recém-formados.
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