Atenção ao risco

A mesma evolução que empolga parte da população faz de Florianópolis objeto de estudo e preocupação pelo crescimento desordenado e sem sustentabilidade, principalmente por ter 59% do território de área de preservação. Conhecida e admirada como uma ilha paradisíaca, a Capital catarinense pode perder sua principal característica com projetos ambiciosos de grande impacto ambiental e efeitos danosos para o trânsito e convívio urbano.

De acordo com a professora de Urbanismo do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Margareth Pimenta, não existe o menor cuidado, em Florianópolis, com o impacto ambiental dos novos projetos arquitetônicos.

– As coisas são realizadas na Capital considerando-se apenas os interesses do setor privado. Do ponto de vista ambiental, não há preocupação com a sustentabilidade. A cidade está sendo fragmentada, sem valorização do convívio urbano – explica.

Apesar de visarem o crescimento e a geração de empregos, muitos projetos prestam um desserviço à economia da Capital, conforme o professor de Economia Regional e Urbana da UFSC, Elton Ricardo Ouriques.

– Sob o pretexto de criação de novos empregos, se acaba com o caráter paradisíaco da Ilha. No entanto, a estrutura física da cidade não comporta grande parte destes projetos – avalia.

A preocupação é nítida dentro do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), segundo o presidente da instituição, Ildo Rosa, para quem existem muitas obras novas na cidade.

– O crescimento da população é de 3,5% ao ano e da frota de veículos, hoje em 218 mil carros, de 8%. Esta conta não fecha – diz.

Paralelo a isso, o Norte da Ilha conta com um dos mais ambiciosos projetos de desenvolvimento da cidade: o Sapiens Parque.

– Mas o projeto é gigantesco e vai contribuir para o desenvolvimento de toda a cidade – diz o presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina (Fapesc), Antônio Diomário de Queiroz.

– É uma proposta de vários milhões de reais, focada na base tecnológica que Florianópolis já tem, mas que também vai contemplar o lazer, o entretenimento, os serviços e o turismo, além de gerar mais de 30 mil empregos com cerca a instalação de duas a três centenas de empresas.

Somente as empresas de informática e tecnologia movimentam mais de R$ 500 milhões por ano na Capital e têm atraindo eventos como a Futurecom, uma das maiores feiras do setor no país.

Modelo adotado nas grandes cidades

As maiores cidades catarinenses também se aparelharam para encarar o futuro e garantir mais crescimento econômico e opções de lazer às suas populações.

Até a instalação do Centreventos Cau Hansen, em Joinville, o setor de serviços garantia apenas cerca de 4% da movimentação econômica, hoje já representa quase 30%. A partir de 1998, com o centro de convenções, o crescimento na oferta de leitos nos hotéis, por exemplo, foi de 72% até os dias de hoje.

Em Blumenau, a reforma e ampliação do antigo pavilhão da Proeb – agora Parque Vila Germânica – concluída em abril do ano passado, deu novo gás a segmentos da economia diretamente ligados ao turismo, como o hoteleiro.

Só ano passado, a Vila Germânica foi palco de 70 eventos, entre seminários, feiras, e festas como a Oktoberfest – que, em 18 dias, registrou público de 600 mil pessoas.

(DC, 22/04/2007)