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Coronavírus: dúvidas sobre o futuro pesaram nas 165 mil demissões da indústria de SC

Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 16/04/2020)

Os impactos negativos na economia pelo novo coronavírus mostram estrago rápido e profundo na indústria de Santa Catarina. Em um mês, causou o fechamento de 165 mil postos de trabalho, aponta pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) junto a 740 empresas do setor em 129 municípios. O levantamento apurou também que essas empresas, juntas, tiveram uma retração de R$ 3,4 bilhões na produção, queda de R$ 3,1 bilhões nas vendas no Brasil e também um recuo de R$ 327 milhões nas exportações.

O período considerado pela pesquisa realizada pelo Observatório da Fiesc foi o do isolamento social no Estado, iniciado em 18 de março. Do total de empresas pesquisadas, 54,3% foram de pequeno porte, 37,6% de médio porte e 8,1% de grande porte.

Considerando o estoque total de emprego da indústria catarinense, que era de 768 mil vagas, esse corte representa uma redução de 21% do total e reduziu para 621 mil o emprego formal do setor.

Entre os 17 principais setores industriais pesquisados, os maiores impactos no emprego foram nos equipamentos elétricos (-41,7%), confecções (-41,4%), automotivo (-39%), madeira (31,3%), bebidas (-29,3%), móveis (27,6%), cerâmica (-27%), construção civil (-23,8%), gráfico (-23,8%) e produtos químicos (20,9%). Todos os setores pesquisados tiveram resultado negativo nesse indicador de evolução do emprego. Até o setor de alimentos, que está entre os essenciais, teve queda de emprego de 5,4%.

O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, afirmou que essa redução rápida nos postos de trabalho foi tomada pelas empresas considerando o cenário futuro de incertezas.

– As empresas trabalham com planejamento, com visão de futuro. Elas têm o máximo interesse em manter os empregos até porque um funcionário novo até atingir a produtividade de um colaborador dispensado leva oito meses. Nenhuma empresa tem interesse em fazer demissão se ela vislumbra um cenário positivo. Como o cenário à frente é muito aterrorizante para algumas empresas, eles acabam adequando a produção já prevendo a capacidade produtiva, condição de caixa para que não haja problema futuro – explicou Aguiar.

Entre os dados apresentados na pesquisa sobre vendas durante o mês de isolamento, o único positivo foi o de exportações do setor alimentício, com alta de 5,3%.

Sobre as medidas adotadas para ajudar o setor produtivo, 63,8% aprovaram as medidas do governo federal e 26,6% consideraram negativas. No caso do governo estadual, 67,4% consideraram atuação negativa e 24,6%, positivas. O setor aguarda algumas medidas de apoio do governo estadual, como postergação de ICMS.

Nesse mês de isolamento social, somente 10% das empresas do Estado, incluídas no grupo de essenciais, puderam operar com total capacidade. 90% enfrentaram restrições no período.

Quanto à volta do crescimento econômico, essa é ainda a grande incógnita, observou Aguiar, embora alguns industriais acreditem que será possível voltar a crescer já no segundo semestre.

Compra de produtos locais

Aguiar aproveitou a entrevista virtual para reforçar que o consumidor, ao comprar produtos feitos em Santa Catarina e do Brasil está movimentando a economia estadual e nacional, melhorando as condições locais. Lembrou que a Fiesc está desenvolvendo uma campanha com esse objetivo.

Menos dependência da China

A grande dependência de produtos industriais da China também recebeu atenção do presidente da federação.

– Nós vamos ter que reinventar o nosso país. A nossa dependência, principalmente da China, na manufatura, é um modelo que não se mostrou positivo. Vamos reunir o conselho da Fiesc para discutir isso para verificar que ações a indústria pode rapidamente tomar para ter uma retomada mais rápida, direcionar sua produção para setores mais atrativos – observou.

Para se reinventar

O diretor de Inovação da Fiesc, José Eduardo Fiates, que também participou da entrevista, lembrou que é num momento de dificuldades que dá para se reinventar. Para ele, o Brasil terá que gerar quase um New Deal (plano de recuperação dos EUA na depressão de 1928) para se recuperar dessa crise. Ele avalia que um dos setores que deverá ter atenção é a infraestrutura. Nessa linha, Mario Cezar de Aguiar defendeu também uma redução de custos, redução da burocracia, do emaranhado tributário que gera custo para as empresas mas não agrega valor à produção.

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