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Um plano estratégico para o turismo de Florianópolis

Artigo de Zena Becker
Secretária de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis

Após o sucesso de uma excelente temporada de verão e de um Carnaval que vai entrar para a história, o Turismo de Florianópolis entrou no outono num círculo virtuoso de grandes eventos nas áreas de tecnologia, empreendedorismo, religiosa, cultural e esportiva que trouxeram para a cidade milhares de turistas e injetaram muitos milhões na nossa economia. Todo esse sucesso é o exemplo do que nós devemos e podemos fazer pelo Turismo sustentável e integrado ao Esporte e à Cultura desta cidade que comemora 351 anos neste 2024.

Porém, esse círculo virtuoso ganhou dois pontos “fora da curva” com o anúncio feito pelo Governo do Estado da concretização de um sonho dos florianopolitanos: a ligação aérea direta Floripa-Lisboa, pela TAP, via Aeroporto Internacional Hercílio Luz, a partir de setembro, abrindo as portas da Europa. E neste momento estamos vivendo as comemorações do voo inaugural para o hub de transportes aéreos do Panamá, agora em 25 de junho, e que abre as portas das Américas do Norte e Central.

Isso muda tudo no Turismo da Capital – e precisamos ter consciência de que é fundamental divulgar Florianópolis com excelência e investimentos junto a esses destinos, para que as empresas aéreas tenham a garantia de voos rentáveis também na “volta”. As primeiras notícias são animadoras, com 7 mil reservas só para Lisboa, mas esse fluxo tem que ser permanente e também é imprescindível que os turistas europeus venham para cá gastar os seus euros, até para equilibrar a balança.

Todas essas notícias e esse sucesso são uma grande inspiração, na verdade. É uma referência fundamental para o macroplanejamento que estamos iniciando com vistas às ações e obras de médio e longo prazo que viabilizem a execução de políticas turísticas, esportivas e culturais num horizonte que se estende até 2030. Esta é a visão e a determinação do prefeito Topázio Neto e contempla, obviamente, os Projetos Especiais dos quais também sou responsável e que envolvem diretamente as entidades representativas da comunidade e também os empreendedores, numa grande parceria público-privada.

Em primeiro lugar, é preciso conceituar esse planejamento. E o princípio básico é aquele que diz que só uma cidade ou uma região é boa para o turista se for boa para o seu morador. Portanto, planejar Turismo, Esporte e Cultura não pode ser algo compartimentado. Pelo contrário: tem que ser realizado com plena convergência na solução dos grandes gargalos de Florianópolis.

Que são públicos e notórios, porque fazem parte do nosso dia a dia. Mobilidade Urbana, Saneamento e Balneabilidade, Inclusão Social, Pessoas em Situação de Rua (PSRs), contenção do “crescimento” desordenado com invasões, construções clandestinas e crimes ambientais numa cidade que tem 70% de sua área vegetal preservada, são nossos prioritários desafios, juntamente com a regulamentação da revisão do Plano Diretor, uma vitória da cidade conquistada em abril de 2023, e que vai definir todos os processos de crescimento de forma sustentável – ou seja, aliando desenvolvimento econômico e qualidade de vida à preservação ambiental.

Tudo isso pode parecer muita teoria. Mas, na verdade, é o mapa do destino aonde queremos chegar. E só se constrói um ‘roadmap’ desses ouvindo os diversos atores da comunidade. Precisamos saber o que queremos coletiva e democraticamente. E para a execução, temos que levar em conta outro fator, peculiar a Florianópolis: a excessiva intervenção dos órgãos da União, que nas últimas décadas tutelaram a “cidade do não pode”, a maioria das vezes sem compreender exatamente o que queremos ser e o que desejamos para a Capital de todos os catarinenses, respeitando a lei e a ordem.

É preciso, definitivamente, abrir o diálogo com o MPF, Justiça Federal Ambiental, Ibama, ICMBio, Iphan, SPU, para que a cidade não seja mais vítima de decisões monocráticas, infindáveis anos para concessão de licenças e tratada como se todos nós fossemos irresponsáveis com relação ao nosso meio ambiente, principalmente.

Sobre os pilares acima descritos é que estamos iniciando o planejamento estratégico para o Turismo, Esporte e Cultura, lembrando que esses três são irmãos gêmeos – e que um não vive sem o outro. O quarto “irmão” é a Tecnologia, que se desenvolve há décadas com enorme sucesso na agora Ilha do Silício. É a inovação tecnológica que vai possibilitar o percurso mais rápido nos caminhos traçados no nosso ‘roadmap’.

Por último, mas não menos importante, é preciso buscar inspiração nas lições do ex-ministro do Turismo, o catarinense Vinícius Lummertz, que define que a indústria turística – a qual impacta diretamente 58 outros setores da atividade produtiva – depende de um “algoritmo”: o binômio estruturação/infraestrutura e promoção/divulgação. O primeiro são as ações e obras necessárias para construir uma cidade com qualidade para seus moradores e, consequentemente, para o turista. O segundo é a Comunicação e o Marketing: divulgar “Floripa o Ano Inteiro” (e não apenas no Verão) no Brasil e no exterior.

Como se vê, são grandes desafios. Mas estamos com a mão na massa e vamos dialogar, ouvir, aprender, para desenhar junto com os florianopolitanos os melhores destinos para uma das mais belas e melhores cidades do planeta.

(Upiara Online, 26/06/2024)

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