Dados de uma pesquisa do IBOPE divulgada em agosto mostram que 84% dos brasileiros consideram a energia elétrica cara ou muito cara. Encomendada pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), a pesquisa ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, entre 24 de março e 1º de abril. Apenas 17% dariam preferência à produção de energia de fontes renováveis.
Em 2014 – que foi o primeiro ano de realização da pesquisa – este percentual que achava energia cara era apenas de 67%, atingindo 88% em 2014 e 87% em 2019. Dentre os entrevistados, 55% acham que o alto preço é causado pelos impostos, enquanto 28% acreditam que é pela falta de concorrência no setor.
Para o consultor em energia Ivo Pugnaloni, diretor da ENERCONS, empresa especializada em orientar a migração para o ambiente de livre contratação e projetos de auto-produção hidrelétrica, a pesquisa poderia ter separado os consumidores entrevistados nas categorias industrial, residencial, comercial e rural, pois cada uma paga preços bastante diferentes.
“Essa distinção seria muito importante, pois mostraria o grau de informação de cada segmento, já que temos 18 milhões de consumidores pessoa jurídica e 72 milhões de pessoas físicas, mas a maioria nem sabe nem como a energia é produzida, nem o custo de cada fonte”, explicou.
Além de impostos e falta de concorrência, há um terceira causa para o preço alto da energia. Segundo ele, a energia é cara porque as fontes usadas para produzi-la tem sido em grande parte as mais caras.
“A pesquisa na forma como foi revelada dá a impressão de que todas as fontes de energia custam a mesma coisa para ser produzida, o que não é verdade”, complementou.
Embora simpatizantes das energias limpas, apenas 17% dos entrevistados disseram que escolheriam sua operadora com base na geração de energia mais limpa, um percentual que era de apenas 13% em 2017.
“As hidrelétricas apresentam os menores custos de todas e as termoelétricas movidas a combustíveis fósseis e derivados de petróleo, como o gás, o óleo diesel, carvão tem o maior custo entre as demais, cerca de sete a oito vezes maior”, complementou.
(RCN, 29/09/2020)
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