A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio do Centro de Educação a Distância (Cead), oferecerá 50 vagas para a primeira turma gratuita da Especialização em Educação Inclusiva a partir de março do ano que vem. Ainda não há previsão de datas para edital e inscrições.
A pós-graduação lato sensu a distância terá duração de três semestres, e as aulas serão ministradas na plataforma Moodle, com exceção das provas presenciais, que ocorrerão na Udesc Cead, em Florianópolis.
Alunos, docentes e profissionais de Educação de SC terão duas linhas de pesquisa à escolha: Educação Inclusiva e Gestão; e Educação Inclusiva e Práticas Pedagógicas.
A primeira linha é indicada para o público que trabalha em empresas ou com gestão de ensino, como secretarias de Educação e escolas. Já a segunda opção é destinada aos profissionais que pretendem trabalhar com a parte prática do ensino em sala de aula.
Durante este semestre, os professores da universidade participarão de oficinas de temas como língua brasileira de sinais (Libras) e tecnologia assistiva, área do conhecimento que engloba recursos para promover a qualidade de vida de pessoas com deficiência, e discutirão as temáticas.
Os conteúdos da especialização serão apresentados por docentes da Udesc Cead, com a participação de professores dos centros de Ciências Humanas e da Educação (Faed), de Artes (Ceart), de Ciências Tecnológicas (CCT) e de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid).
Também participarão professores de outros centros da Udesc, da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e de instituições estrangeiras.
Trabalhar os espaços para todos
Aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni) na sessão de 13 de julho, a especialização pretende apresentar uma perspectiva mais ampla da inclusão. “Devemos trabalhar para tornar os espaços, o mundo e o meio ambiente em que a gente vive inclusivos para todos, independentemente de quem seja o outro”, destaca a professora Rose Clér Beche, da Udesc Cead.
Desde 2004, a rede municipal de Florianópolis inclui na escola regular alunos com algum tipo de deficiência, transtorno de espectro autista e superdotação. Atualmente, são 720 estudantes, além de 61 professores e 180 auxiliares de educação especial.
Mas não são apenas esses grupos que fazem parte da educação inclusiva. Questões de gênero, raciais, regionais e culturais e ligadas a pessoas com limitações físicas ou sensoriais entram na lista.
Além disso, há outras situações comuns que nem sempre são lembradas, como a de pessoas acima do peso que não conseguem passar na catraca do transporte público, a necessidade de usar muletas temporariamente ou a de uma criança que pode apresentar dificuldades de relacionamento após a separação dos pais.
“Pensamos numa proposta de educação inclusiva que abrangesse a população discriminada e excluída do processo escolar. Precisamos discutir se as condições da escola regular conseguem atender toda essa diversidade”, explica a professora Cléia Demétrio Pereira, da Udesc Cead, que estuda a área de políticas educacionais voltada para os direitos humanos.
Segundo Cléia, é preciso criar um espaço de debate e estimular a formação inclusiva dos profissionais que atuarão no campo educacional, elaborando os conteúdos a partir da composição das turmas.
Importância das novas metodologias
Graduado em Pedagogia pela Udesc e Letras/Libras pela Ufsc, o professor Deonísio Schmitt foi o primeiro surdo do Brasil a alcançar o título de doutor em Linguística. A educação de surdos, conta ele, foi prejudicada ao longo dos anos por causa da oralização e de métodos que não contemplam a língua brasileira de sinais na sala de aula.
Segundo Schmitt, é importante abordar a formação de docentes bilíngues e intérpretes, adaptar metodologias e didáticas e pensar em disciplinas para ensinar Libras a todos desde as séries iniciais até o ensino superior.
“A proposta do Cead com a Especialização em Educação Inclusiva é fundamental. Quanto mais tivermos profissionais pensando nessas metodologias, mais a educação melhora. A educação inclusiva e suas abordagens vão contribuir com o processo de educação como um todo no Estado”, avalia.
Ações na área da inclusão
O Laboratório de Educação Inclusiva (Ledi), da Udesc Cead, dá suporte a dois grupos de alunos cegos e surdos das turmas de Pedagogia a Distância por meio de projetos de extensão e pesquisa.
Coordenado pela professora Rose Clér Beche, o grupo passou a reunir ações da universidade ligadas à inclusão e conta com um espaço destinado exclusivamente a auxiliar os alunos, o Núcleo de Acessibilidade da Udesc Cead, que faz adaptação de materiais, elabora as provas e orienta os docentes.
Mais informações sobre a Especialização em Educação Inclusiva podem ser obtidas com a Direção de Pesquisa e Pós-Graduação da Udesc Cead pelo telefone (48) 3664-8409, das 8h às 14h, e pelo e-mail dppg.cead@udesc.br.
(Udesc, 08/08/2017)
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