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Consciência e preservação
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Deveríamos salvar a Ponte Hercílio Luz?

Quando foi aberta ao tráfego em 13 de Maio de 1926, a Ponte Hercílio Luz era a maior ponte suspensa de barras de olhal do mundo. Hoje, é a maior ponte suspensa do Brasil. Em sua inauguração, a travessia era a primeira ligação física entre a bela ilha de Florianópolis e o continente de Santa Catarina. A ponte é uma das atrações mais famosas de Florianópolis. Infelizmente, foi fechada em 1991, devido à deterioração estrutural e ainda hoje permanece fechada para o tráfego e os pedestres. No entanto, no que pode parecer como uma declaração de resiliência, a ponte continua representando um símbolo majestoso de beleza e uma maravilha da engenharia na paisagem de Florianópolis.

Recentemente, vozes defendem a demolição da ponte. E elas têm motivos: como a deterioração contínua da ponte, as preocupações com a sua segurança e as despesas extravagantes que a reconstrução demandaria. Essas são certamente razões válidas, mas dado o simbolismo histórico, a importância cultural e a função de ponte como uma das ligações de transporte mais antigas da ilha para o continente, essas conclusões são tomadas fora de contexto. Primeiro, deve ser levado em consideração que orçamentos significativos são destinados, em todo o mundo, à preservação de pontes históricas. Sem a manutenção e consciência da sua importância em estender a vida útil segura delas, não seria possível preservar esses símbolos de patrimônio e mosaicos da paisagem íntima local.

Como exposto acima, deve haver um claro reconhecimento da preocupação com a segurança da ponte tal como ela se encontra hoje. A condição de deterioração requer a fixação imediata da integridade do vão central, transferindo o próprio peso da ponte à estrutura temporária, construída embaixo da Hercílio Luz. A ponte temporária em si não fornece qualquer medida de segurança, sem “transferência de carga” adequada a partir do vão central à estrutura temporária. Essa “transferência de carga” seria realizada usando 52 macacos hidráulicos colocados entre o vão central e a estrutura temporária. O procedimento é simples e pode ser realizado por um empreiteiro capacitado e sob a supervisão de um consultor que possua esse conhecimento específico.

Em conclusão, a preservação da Ponte Hercílio Luz só virá com o compromisso do governo do Estado em destinar o orçamento necessário, o emprego de um empreiteiro experiente e a liderança do Deinfra no acompanhamento do trabalho de engenharia e de reconstrução. Alguém certa vez disse que ninguém vem a Florianópolis por causa da ponte. Entretanto, quando as pessoas visitam a bela ilha de Florianópolis e são questionadas sobre qual é o único cartão-postal que gostariam de levar para casa, a resposta, predominantemente, é uma foto da icônica “dama de ferro”, a Ponte Hercílio Luz!

*Engenheiro contratado pelo Consórcio Monumento, antigo responsável pela reforma da Ponte Hercílio Luz, em 2009, e que desenvolveu o atual formato da obra, com a construção de uma estrutura para sustentar o vão central

( Diário Catarinense, 12/02/2016)

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