A forte e constante chuva no litoral catarinense não trouxe apenas alagamentos e danos materiais aos moradores e visitantes. O acúmulo de água combinado à deficiência em saneamento sobrecarregou o sistema de tratamento de esgoto e impactou na qualidade da água do mar. É o que aponta o último relatório da Fatma sobre o índice de balneabilidade das praias catarinenses: 33% dos 211 pontos analisados no Estado estão impróprios para banho e 36% dos 75 locais em Florianópolis devem ser evitados pelos banhistas.
Os números, segundo a Fatma, não representam uma anormalidade em relação aos outros anos, mas indicam aumento. “Os índices de impropriedade sempre ficam em torno de 35% na alta temporada, quando aumenta o número de pessoas no litoral catarinense. Neste ano, especialmente, a chuva provocou oscilações, o que deve se manter em todo o verão”, explica o responsável técnico pela Gerência de Pesquisa e Análise da Qualidade Ambiental da Fatma, Marlon Daniel da Silva. Isso porque, a previsão indica uma temporada chuvosa no Estado e com mais turistas no litoral (8 milhões).
De acordo com Silva, o sistema de coleta e de tratamento de esgoto entra em colapso com a chuva acima do esperado e o número maior de habitantes produzindo lixo e usando a rede. “A estação [de tratamento] é preparada para suportar uma demanda determinada. Quando duplicamos essa demanda, a estrutura não aguenta e uma quantidade maior de impurezas vai para o mar, assim como um menor volume de água é tratado”, diz.
Neste aspecto, segundo o técnico, o tratamento de esgoto nos municípios se torna vital para a melhoria da qualidade da água. “A falta de saneamento básico é o principal problema. Já melhoramos no Estado, mas os passos ainda são custos”, avalia.
Segundo Silva, a Fatma aumenta anualmente o número de pontos analisados pelo índice balneabilidade, porém a maior abrangência depende de maior estrutura. Em 2014, foram 199 locais no Estado e 66 em Florianópolis. Neste ano, o último relatório, do dia 27 de novembro, analisou 211 pontos da orla catarinense, 75 deles na Capital. Atualmente, as análises são feitas por uma equipe de dois técnicos, cinco estagiário do IFSC (Instituto Federal) e da UFSC (Universidade Federal), além das equipes da Unisul (Universidade do Sul do Estado) e Unesc (Universidade do Extremo-Sul). Na alta temporada, de novembro a março, as análises são semanais e no restante do ano, mensais.
Lagoa da Conceição tem apenas dois locais próprios
Um dos principais pontos turísticos da Ilha, a Lagoa da Conceição, é, historicamente, um local com poucos pontos próprios para banho. A quantidade de coliformes fecais e totais no mar no local varia muito durante o ano, devido à falta de tratamento de esgoto e ao aumento da produção de lixo. Em novembro de 2014, dos nove pontos analisados pela Fatma na Lagoa, três eram impróprios para banho. Neste ano, no mesmo período, apenas dois são próprios.
Para melhorar a situação, a prefeitura deu início, ainda em 2013, ao projeto Floripa se liga na rede, que aumentou a fiscalização de esgotos irregulares nas praias com o objetivo de ligar os imóveis na rede de tratamento do município. Segundo o relatório de novembro, da Secretaria de Habitação da Capital, responsável pelo projeto, até agora foram inspecionados 8.591 imóveis em sete bairros, 2.285 na Lagoa da Conceição. Deste total, 2.009 regularizaram a rede de esgoto, 579 na Lagoa. Lá, a maior irregularidade, 1.037 imóveis, é a ausência de caixa de gordura. Segundo a secretaria, 382 moradores da Lagoa nesta situação já regularizaram a rede.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 01/12/2015
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