(Por Moacir Pereira, ClicRBS, 09/06/2015)
Antes e depois da entrevista coletiva concedida pelo delegado Allan Dias, do Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina, denunciando ilícitos praticados por 27 médicos do Hospital Universitário da Ufsc, os comentários entre delegados presentes eram consensual. A Operação Onipresença seria um marco na história da instituição e da assistência médico-hospitalar.
Na origem da manifestação, um fato grave, conhecido há décadas da maioria da população. A classe médica tem profissionais da melhor qualidade, a maioria cumpre com suas obrigações éticas, mas há alguns de seus membros que mantém contratos impossíveis de serem cumpridos com carga horária impossível em múltiplas instituições. Por isso, deixam a desejar na esfera pública. Tudo mundo sabia da irregularidade e dos prejuízos aos pacientes, mas ninguém ousou tocar nesta chaga.
A investigação da Polícia Federal revelou fatos considerados graves por dois ângulos distintos: o criminal, evidenciado pelos delitos capitulados no Código Penal(falsidade ideológica, estelionato, prevaricação e abandono de função); e o social, enfatizado pela falta de assistência médico-hospitalar justamente aos segmentos mais carentes da população.
De forma didática e valendo-se de “power point”, o delegado Allan Dias revelou outros fatos. Por exemplo: os salários médios dos médicos do Hospital Universitário, em regime de 40 horas, são bastante razoáveis, variando entre R$ 16.597,12 e R$ 25.121,93. Outro: 3 médicos tiveram frequência zero, outros 5 com menos de 15% de presença no trabalho, um grupo de 8 com 30% e 11 com 40%, no período investigado entre outubro de 2013 e junho de 2015.
Nas próximas duas semanas, a Polícia Federal vai ouvir os 27 médicos, já com os novos documentos das ações de busca e apreensão, e tomar depoimentos de outras 120 pessoas.
A Onipresença é uma operação histórica porque muita gente vai colocar as barbas de molho em hospitais públicos de Santa Catarina.
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