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A lógica do transporte coletivo

Por Carlos Damião (Notícias do Dia Online, 30/03/2013)
Os problemas do transporte coletivo de Florianópolis são tão antigos quanto a história moderna da cidade. Quem conheceu a Capital nas décadas de 1970 e 1980 certamente há de lembrar que as conexões já eram ruins à época, porque tínhamos vários “terminais centrais” espalhados, distantes e desorganizados. O principal, nos meus tempos de garoto, era o do Largo Fagundes (hoje Praça Pio 12), que aparece nessa imagem resgatada do meu baú de memórias.
Mas havia terminais no Largo 13 de Maio (Prainha), na Praça da Bandeira (hoje Praça Tancredo Neves), na Praça Fernando Machado (em frente ao Miramar), na Praça Pereira Oliveira (onde hoje há o estacionamento ao lado do Teatro Álvaro de Carvalho). O do Largo Fagundes passou na década de 1970 para a Rua Francisco Tolentino. Os outros foram sendo eliminados aos poucos, até que a prefeitura construiu o Terminal Cidade de Florianópolis, na década de 1980, para centralizar a maioria das linhas. Mesmo assim, continuamos com um sistema precário, ou seja, nem poder público, nem empresas, conseguiram estabelecer uma dinâmica, uma coerência de “sistema”.
Indignação
Quando o sistema integrado foi criado, durante o governo de Angela Amin (1997-2005), houve reações indignadas por parte de quem se sentiu atingido ou prejudicado pela implantação de um conceito diferente (e lógico). Houve protestos nas ruas, quebra-quebra na Câmara Municipal e outras manifestações pesadas. Começou naquela época a campanha do “passe livre” – ou da tarifa zero.
Barriga
O sucessor de Angela Amin, Dário Berger (2005-2013), construiu sua campanha eleitoral com críticas ferozes ao sistema integrado, disse que abriria a “caixa preta” do transporte coletivo, mas na prática apenas empurrou o problema com a barriga. O sistema só piorou, não foi atualizado, não foi concluído – estão aí os terminais desativados do Jardim Atlântico, Capoeiras e Saco dos Limões.
Individualismo
Agora, a prefeitura apresenta uma proposta para organizar de uma vez por todas o sistema e o que acontece? A visão individual, particular e egoísta engrossa o coro dos protestos nas redes sociais e nas rodas de bate-papo. De novo, o que está em jogo é o futuro da cidade, da mobilidade urbana, da qualidade de vida. Falta visão de coletivo para as pessoas que criticam iniciativas para redesenhar o transporte coletivo.
O que falta
Enquanto as pessoas pensarem na “minha casa, na minha rua, no meu bairro”, nem Florianópolis, nem qualquer cidade, terá perspectivas de futuro. A visão individualista, clientelista, é o que alimenta a velha política, aquela que tantos criticam, mas que não fazem nada para mudar. Quando se fala em sistema integrado é preciso ser, de fato, integrado. Se é isso que a prefeitura pretende fazer, aplausos para a prefeitura.

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