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Agora foi a estaca que afundou

Mais um episódio se soma à sequência de problemas nas obras de restauração da Ponte Hercílio Luz, colocando em dúvida a conclusão dos trabalhos no principal cartão-postal da Capital
Ainda não se sabe o que pode ter causado o afundamento de uma das 10 estacas cravadas em rochas no fundo do mar e que serão usadas na restauração da Ponte Hercílio Luz. O laudo deve ficar pronto na próxima semana.
A falta da pilastra foi percebida na manhã de ontem. A estrutura foi encontrada à tarde por uma sonda, a cerca de 24 metros de profundidade. O episódio não deve atrasar ainda mais o cronograma da obra, segundo o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller.
A estaca foi a primeira a ser instalada debaixo da ponte. Ela era a estrutura mais próxima do lado insular de Florianópolis e atravessava, até chegar na rocha, uma profundidade de cerca de 36 metros. Sem saber ainda as possíveis causas para que a coluna concretada saísse do lugar, Meller não descarta falhas da empresa Consórcio Monumento, responsável pelo processo, nem a hipótese de um acidente:
– Ali embaixo há correntezas muito fortes. Sem uma estrutura pesada em cima das estacas elas se movimentam muito. Poder ter sido um acidente. Às vezes algo pode ter batido na estrutura, fazendo com que ela cedesse. Não era previsto isso romper e aconteceu.
A colocação de cada estaca custa cerca de R$ 1 milhão. Caso seja confirmado falha por parte da empresa, ela deve arcar com o gasto extra, senão, o governo deve acionar o seguro.
Ainda não está confirmado, também, se o que foi encontrado no fundo do mar era a estaca inteira ou parte dela. De acordo com Meller, a água estava bastante agitada e escura. Ele estima que nos próximos dias a coluna seja retirada para dar início à perícia.
– A partir disso, também saberemos se vai ser preciso fazer perícia nas outras três estacas (fixadas perto da que sumiu e que estão na mesma profundidade). O incidente não vai causar atrasos na restauração. Como a coluna estava na parte menos profunda, não deve haver dificuldades para que uma outra ser fixada – diz Meller.
Além disso, as outras pilastras vão continuar sendo colocadas. Das 10 que foram instaladas, duas estão em fase de concretagem – já que a estrutura é oca e precisa ser preenchida com concreto e ferragem.
– Em condições normais, uma estaca leva entre 10 e 15 dias para ser colocada. Mas não podemos descartar imprevistos – diz Meller.
Já as colunas que precisam atravessar entre 60 e 70 metros de profundidade podem levar mais tempo para serem cravadas. Quatro dessas já foram colocadas, faltam mais quatro. Apesar disso, o presidente do Deinfra acredita que no final deste semestre, o estaqueamento esteja concluído. O secretário de Infraestrtura, Valdir Cobalchini foi procurado, mas está em férias.
Sumiço não foi o único incidente
A coluna que afundou não foi o único incidente fora do cronograma. O fato de a profundidade do mar ser diferente em cada um dos pontos onde as estacas serão fixadas, também foi algo inesperado. O que era para levar duas semanas, levou dois meses, como ocorreu na instalação duas primeiras que atravessaram 60 metros de profundidade. Em janeiro de 2011, morreu um mergulhador que vistoriava a primeira estaca cravada – a mesma que afundou ontem. O acidente interrompeu os trabalhos.
Além disso, o processo parou ano passado, para a manutenção da balsa Ilha 3, que auxilia nesta fase. Em outubro, ela deixou de operar com a promessa de ficar uma semana em reparos. A embarcação voltou aos trabalhos em meados de novembro, depois de 45 dias parada. O presidente do Deinfra lembrou, ainda, a falta de recursos, que também acarreta em atrasos.
Com o término do estaqueamento, começa a construção da estrutura provisória. Depois, vem a transferência de carga da ponte para o apoio construído. Estes processos fazem parte da primeira etapa do projeto de restauração. A segunda está prevista para 2013. É a troca de barras de olhal e estruturas danificadas. Em 2014 vem a última fase de restauração. Será desmontada a estrutura de sustentação. A restauração completa está orçada em R$ 213,8 milhões.
(Por Julia Antunes, DC, 12/01/2012)
Projeto na Rouanet segue em avaliação
Para captar os recursos que serão usados na restauração da Ponte Hercílio Luz, o governo aposta na Lei Rouanet de Incentivo à Cultura – um processo que vem se desenrolando desde o ano passado.
O afundamento da estaca não deve prejudicar o processo junto ao Ministério da Cultura (MinC) e com possíveis empresas patrocinadoras, afirma o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli de Souza. Ele acredita que o episódio só serviu para todos ficarem mais atentos ao andamento da obra:
– Agora todos irão observar mais o que está acontecendo. Pior seria se isso tivesse ocorrido quando a estrutura provisória já estivesse montada – pondera.
O presidente da FCC acrescenta que está bastante otimista em relação à aprovação do projeto pelo Ministério. No final de novembro, a proposta foi cadastrada. Ela está em fase de avaliação e mais documentos foram pedidos ao Estado. Todos já foram entregues ao governo federal.
No dia 18 deste mês, está marcado um encontro com a ministra Ana de Hollanda. Estarão presentes os secretários de Estado Valdir Cobalchini (Infraestrutura), César Souza Júnior (Turismo, Cultura, Esporte) e Souza, representando a FCC.
– O projeto foi protocolado via internet. Agora, vamos entregá-lo impresso. A ideia é pedir apoio à ministra para que a proposta seja aprovada – esclarece o presidente da FCC.
O prazo para aprovação do projeto termina no final de março. A partir daí, a FCC poderá captar os valores com empresas que, juntas, irão custear R$ 80 milhões – valor nunca antes captado pela Lei Rouanet. Até agora o maior valor já captado foi de R$ 50 milhões, destinados para a reforma do Theatro Municipal do Rio, que custou R$ 75 milhões.
Com a aprovação do MinC, pessoas jurídicas poderão aplicar parte do Imposto de Renda em ações culturais, no percentual de 4% a 6%. Para Joceli de Souza não faltarão empresas interessadas. Ele diz apostar em estatais para bancar os recursos.
(DC, 12/01/2012)
Estrutura provisória é necessária
Mesmo sendo um processo demorado e atrasado, o presidente do Deinfra, Paulo Meller, voltou a alertar, ontem, para a importância de se ter uma estrutura provisória sob a Ponte Hercílio Luz. Ele relembrou a vinda a Florianópolis do especialista em pontes suspensas, o engenheiro Khaled Mahmoud, contratado em 2009 pelo Consórcio Monumento.
É de Khaled o projeto de restauração da Hercílio Luz, a partir da estrutura de sustentação provisória. Em entrevista ao DC em novembro do ano passado, quando esteve na Capital, o engenheiro alertou para o risco de queda da Hercílio Luz. Ele afirmou que a ponte só estaria segura com uma estrutura provisória, e que enquanto isso não acontecesse a ponte poderia cair a qualquer momento.
Khaled apontou como problema estrutural uma barra de olhal rompida, o que causa desequilíbrio na estrutura. Além disso, por ser de aço e estar em água salgada, a ponte se deteriora a cada dia. O especialista observou que uma tempestade mais mais forte, ou a queda de alguma barra, pode ajudar para a Hercílio Luz cair.
Khaled citou como exemplo uma ponte pênsil americana, a Silver Bridge, parecida com a Hercílio Luz. Em 1967, sem ninguém esperar, ela caiu e matou 47 pessoas. A Silver Bridge também precisava de restauração. O engenheiro apontou, ainda, a falta de recursos como um fator de atraso. Para ele, se houvesse dinheiro, a restauração estaria concluída em dois anos.
O cronograma anunciado em 2010, ainda nem chegou à estrutura provisória, que poderia dar segurança à ponte. Caso não tivesse sofrido atrasos, a estrutura ficaria pronta em junho ou julho deste ano.
(DC, 12/01/2012)
Laudo vai apontar causas da queda da estaca na ponte Hercílio Luz
Uma das estacas colocadas no mar para sustentar a ponte Hercílio Luz durante a fase de restauração caiu. Um policial militar, que fazia rondas no forte Santana, na Ilha de Santa Catarina, notou a falta do pilar na manhã de ontem. Técnicos do Consórcio Florianópolis Monumento, responsável pela obra, investigam as causas do incidente. A estrutura estava cravada a 30 metros de profundidade, sete deles dentro de uma rocha. O laudo será divulgado pelo Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura) na semana que vem.
A estaca que cedeu faz parte de um conjunto que terá 16 pilares: oito estão prontos, um ruiu e outro está em fase de concretagem. As quatro bases vão sustentar as torres metálicas, nas quais a ponte ficará apoiada para a avaliação e troca de quatro sequências de olhais. São 300 barras flexíveis, como uma corrente de moto.
Segundo o presidente do Deinfra, Paulo Meller, mergulhadores localizaram parte da coluna de concreto no fundo do mar na tarde de ontem. Porém, não foi possível detectar o tamanho da peça. “As condições de visibilidade são muito ruins. A água é muito turva”, afirmou.
Meller explicou que será necessária uma perícia para saber as causas do incidente. “Quando a empresa retirar parte da estaca do mar, vamos avaliar o que aconteceu. Se foi um acidente com embarcação, não teremos problemas. Agora, se ela cedeu sozinha, teremos que periciar todos os outros pilares que já estão prontos”, projetou. O laudo também vai definir quem pagará a conta pelo imprevisto.
O conjunto em que estava a estaca que ruiu é o mesmo onde o mergulhador profissional Sandro José Erben, 41 anos, morreu ao fazer a inspeção da obra submersa. O acidente completa um ano no próximo dia 19.
Reforma do cartão-postal começou em 2009
A reforma do principal cartão-postal do Estado começou em 2009. Até agora, apenas as cabeceiras da ponte Hercílio Luz foram restauradas. O presidente do Deinfra, Paulo Meller, explicou que a etapa da sustentação é uma das mais importantes da revitalização. O custo é de R$ 60 milhões. “Com essa fase pronta, não teremos mais risco da ponte cair”, explicou. O cronograma prevê a conclusão do trabalho até a metade de 2012.
Em relação à entrega da obra, Meller mantém otimismo de finalizar o trabalho no ano da Copa do Brasil: em 2014. “Depois da sustentação, vamos ter que fazer a troca dos olhais. Teremos que fazer um raio-x de cada peça para definir o que precisará ser trocado”, explicou.
Faltam R$ 150 milhões para restauração
A ponte Hercílio Luz começou a ser construída em 1922. Ficou pronta em 1924. O tempo de reforma já é semelhante ao utilizado para erguer a primeira ligação entre a Ilha e o Continente. O governo do Estado enfrenta problemas financeiros para revitalizar a estrutura. A obra está avaliada em R$ 180 milhões. Destes, R$ 30 milhões já foram repassados para o Consórcio Florianópolis Monumento, que atua na elaboração da sustentação da Hercílio Luz.
Paulo Meller, presidente do Deinfra, foi enfático: “Estamos buscando verba para finalizar a obra, mas o nosso principal problema é financeiro. Queremos recursos por meio da lei de incentivo e do orçamento de 2012”, afirmou Meller.
(Por Fernando Mendes, ND, 12/01/2012)

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