Santa Catarina tem as menores taxas de pobreza do país. E o cenário deve melhorar ainda mais nos próximos anos. Levantamento divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), prevê que o Estado será um dos primeiros a erradicar a miséria (pobreza extrema), o que deve ocorrer até 2012, quatro anos antes do resto do país. Hoje, estão nesse grupo famílias com renda de até R$ 127,50 por pessoa.
A previsão do Ipea se reflete em esperança para pessoas como Anita Souza Leite e Salete Ferreira Bruchz (veja matérias ao lado). Entre 1995 e 2008, a taxa de pobreza extrema em Santa Catarina reduziu de 10,7% para 2,8%. No mesmo período, a taxa de pobreza absoluta (famílias onde cada pessoa ganha até meio salário mínio – o que hoje representa R$ 255) caiu de 29,8% para 11,5%. Com as reduções, SC fica no topo do ranking dos menores índices (veja quadro abaixo).
No país, 12,8 milhões saíram da condição de pobreza absoluta, com a redução da taxa de 43,4% para 28,8%. No caso da pobreza extrema, 12,1 milhões de brasileiros conseguiram superar essa condição. A taxa nacional dessa categoria passou de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.
O Paraná deve ser o primeiro a erradicar a pobreza absoluta, em 2013, de acordo com o Ipea. A mesma condição pode ser alcançada no ano seguinte por São Paulo. Santa Catarina alcançaria esse resultado em 2015, ao lado de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O Ipea considera os índices de evolução dos últimos anos para traçar a projeção.
Embora os índices de pobreza tenham apresentado queda mais acelerada em outros estados, a melhoria das condições econômicas da população desde o Plano Real não teve uma distribuição uniforme, aponta o estudo. Enquanto a taxa de pobreza absoluta caiu 33,6% em todo o país, a redução foi de apenas 12,7% no Centro-Oeste. Já a queda da taxa de pobreza extrema, cuja média nacional reduziu 49,8% no período, foi reduzida em apenas 22,8% na Região Norte.
Avanço não reflete só crescimento econômico
Segundo o Ipea, os dados mostram que a redução da pobreza não tem uma relação direta apenas com o crescimento econômico. A região Centro-Oeste, que teve a menor queda na proporção de brasileiros com renda per capita abaixo de meio salário mínimo (pobreza absoluta), registrou no período estudado a melhor média do país de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) por habitante: média de crescimento anual de 5,3%.
Por outro lado, o Sul reduziu a pobreza em maior proporção, mesmo tendo registrado o menor ritmo de crescimento do PIB por habitante entre as regiões: 2,3% anuais. “O crescimento econômico, ainda que indispensável, não se mostra suficiente para elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. A experiência recente do país permite observar que as regiões com maior expansão econômica não foram necessariamente as que mais reduziram a pobreza e a desigualdade”, diz o estudo do Ipea, que sugere a combinação entre crescimento e políticas públicas voltadas para o combate à pobreza.
SC também apresenta bom resultado no balanço da desigualdade de renda, calculada pelo índice Gini (que varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). Em 1995, o índice catarinense era de 0,54. Em 2008, caiu para 0,46, o que deixa Santa Catarina atrás apenas de Amapá (0,45).
(DC, 14/07/2010)
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