O Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata Atlântica, coordenado pela Aliança para a Conservação da Mata Atlântica (uma parceria entre as ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional) e a The Nature Conservancy (TNC), apresentou o resultado do seu VI Edital, que destinará R$ 535 mil a 39 projetos selecionados: 23 de criação individual de reservas, seis em conjunto e 10 de elaboração de plano de manejo.
“Neste ano foram recebidas 97 propostas, número recorde na história do Programa, o que demonstra o crescente interesse por parte dos proprietários de terra na criação e implementação de RPPNs. Devido ao grande número e à qualidade das propostas recebidas, o processo de seleção foi um grande desafio”, explica Erika Guimarães, coordenadora da Aliança para a Conservação da Mata Atlântica e do Programa de Incentivo às RPPNs.
Os projetos selecionados neste edital abrangem os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, localizados nas regiões do Corredor da Serra do Mar, no Corredor Central da Mata Atlântica, no Corredor do Nordeste e na Ecorregião Florestas com Araucária. As propriedades contempladas no edital devem ampliar 4.500 hectares de área protegida por meio da criação das novas reservas e apoiar o plano de manejo de 2 mil hectares em RPPNs existentes na floresta mais ameaçada do país.
Proteção da biodiversidade
Os corredores são uma estratégia de conservação utilizada desde o início do programa para a proteção da biodiversidade em diferentes escalas, buscando a representação de diferentes ecossistemas, o manejo integrado da rede de unidades de conservação, contribuindo para manter ou incrementar a conectividade da paisagem. As estimativas indicam que, se adequadamente manejados, esses corredores podem, coletivamente, proteger 75% das espécies ameaçadas da Mata Atlântica.
De acordo com a coordenadora do Programa de Reservas Privadas da TNC, Giovana Baggio, os projetos de criação de RPPNs apoiados pelos Editais têm sido fundamentais para ampliar a área protegida em regiões prioritárias para a conservação. “O apoio dado aos projetos tem sido de grande valia, principalmente, por disseminar o conceito de conservação em toda a Mata Atlântica trazendo, desta forma, uma influência positiva para a região”, avalia.
Esta é a primeira vez que um edital apóia projetos de elaboração de plano de manejo, considerada uma importante ferramenta para a gestão e consolidação das reservas a longo prazo. “Hoje nenhuma RPPN na Mata Atlântica tem seu plano de manejo aprovado conforme o roteiro metodológico de 2004, os projetos apoiados nesse edital constituem um grande laboratório de planejamento para as reservas”, destaca Monica Fonseca, especialista em áreas protegidas da CI-Brasil.
Conservação de espécies
O Programa já contribuiu para aumentar em quase 50% o número de RPPNs na Mata Atlântica, com recursos provenientes da TNC, Bradesco Cartões e Bradesco Capitalização. O tamanho médio das RPPNs é bastante reduzido nesse Bioma, já que mais da metade (54%) tem áreas menores que 100 hectares. Mas, juntas, as quase 500 RPPNs decretadas até 2007 no Bioma cobrem mais de 100 mil hectares.
As RPPNs são importantes também para proteger o entorno de unidades públicas como parques e reservas biológicas, reduzindo a pressão externa, além de contribuir para a conservação de inúmeras espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica como o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o papagio-chauá (Amazona rhodocoryta), entre outras.
A Aliança para a Conservação da Mata Atlântica nasceu em 1999, quando a Fundação SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional (CI-Brasil) firmaram essa parceria como forma de aumentar a escala e potencializar suas atuações a favor do bioma. Conheça os 39 projetos selecionados clicando aqui.
Da redação da EcoAgência, com SOS Mata Atlântica. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.
(EcoAgência, 25/07/2008)