A possibilidade de um colapso no sistema elétrico da Ilha, com a suspensão de novas ligações na cidade a partir de setembro deste ano, foi sinalizada ontem pelo presidente da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Eduardo Pinho Moreira, se a Câmara dos Vereadores de Florianópolis não aprovar um projeto de lei do Executivo para a construção de uma nova subestação blindada, que seria implantada na avenida Beira-mar, ao lado da Casa d’ a Agronômica, residência oficial do governador Luiz Henrique da Silveira. O projeto deverá ser enviado à Câmara, em regime de urgência, pelo prefeito Dário Berger, nos próximos dias.
Apagão
Estatal alerta que novas ligações não serão realizadas sem garantia de investimentos
No ano passado, o Legislativo vetou a construção de uma subestação numa área adquirida pela Celesc, na rua Ângelo Laporta, no maciço do morro da Cruz, Centro. Berger foi contrário à decisão dos vereadores, porém, a Câmara derrubou o veto do Executivo. Diante do impasse, a Celesc foi obrigada a buscar outra alternativa e acabou escolhendo uma área no bairro Agronômica, pertencente ao governo estadual.
Moreira explicou que a construção dessa nova subestação deverá ocupar uma área de três mil metros quadrados e está amparada no que há de mais moderno no mercado. O prazo previsto para a conclusão das obras é de 12 a 15 meses e o custo estimado oscila entre R$ 50 a R$ 60 milhões. Caso o projeto não seja iniciado em breve, ele afirmou que a cidade correrá riscos de ter novos desligamentos de energia ocasionados pela sobrecarga no sistema, como os ocorridos em 31 de dezembro de 2006, que durou quatro minutos e; o de 17 de fevereiro deste ano, com queda de energia em alguns pontos da cidade por 25 minutos . “Não temos outro caminho a não ser a construção dessa nova unidade. A questão é urgente”, frisou o presidente.
Entre as alegações de Moreira para a aprovação do projeto estão a proximidade do centro de carga junto à área que apresentou maior crescimento nas últimas décadas, além de fácil deslocamento pela malha viária, o que facilitaria a implantação dos novos alimentadores da rede de distribuição. O terreno de grandes proporções, com mais de cinco mil metros quadrados e o acesso adequado para o transporte de transformadores e equipamentos foram outros pontos positivos destacados por ele.
Como funciona a subestação
• Será conectada às subestações de Trindade e Ilha/Centro através de duas linhas de transmissão de 138 KV (quilovolts). A conexão com a subestação Trindade será através de uma linha de transmissão com cinco quilômetros de extensão (parte aérea e subterrânea), e com a subestação Ilha/Centro por meio de uma linha subterrânea, com três quilômetros (nas avenidas Beira-mar Norte e Mauro Ramos);
• Ela comportará dois transformadores de 40 MVA (megavolts-ampéres), o que, praticamente, mais do que dobra a quantidade de energia disponível para atendimento do Centro. Na etapa final, serão construídos 12 alimentadores de 13,8 kV, para escoamento da energia para diversas áreas do Centro e Agronômica.
Benefícios diretos
• Elimina a possibilidade de haver racionamento de energia, principalmente na região central da Ilha, a partir de 2007;
• Aumenta a quantidade de energia disponível e permite atender ao crescimento do mercado na região central.
Sistema atual não permite mais ligações
O aumento no consumo de energia nos últimos anos vem sendo absorvido pela subestação Ilha/Centro, localizada próximo à ponte Hercílio Luz que já tem apresentado sinais de sobrecarga em seus alimentadores e transformadores. O número de ligações em Florianópolis hoje é de 190 mil, com previsão de aumento de 55 % nos próximos dez anos. Para amenizar essa situação, nos últimos dois anos, foram feitas obras emergenciais nas subestações da Ilha Centro e de Trindade visando o atendimento da demanda nos verões de 2005 a 2007.
Caso o empreendimento da subestação seja aprovado, ele também permitirá a definição de uma nova configuração para a malha elétrica que atenderá às demais regiões da Ilha com a formação de um anel elétrico.
A nova subestação será interligada às de Trindade e da Ilha/Centro, localizadas na parte insular e à subestação de Palhoça, na região continental. O anel permitirá manobras no sistema elétrico transferindo cargas de uma unidade para outra sem prejuízos à continuidade do fornecimento.
Empresários da cidade cobram pressa para evitar novo blecaute
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), Dilvo Vicente Tirloni, tanto a Prefeitura quanto o governo estadual precisam resolver com urgência esse problema, pois caso as previsões de interrupção da Celesc nos próximos meses se confirme, isso causará problemas generalizados à cidade.
Acif
Entidade está preocupada com reflexos no comércio e na vida das pessoas
“Não penso apenas no ponto de vista comercial, mas também em toda população que será prejudicada”, disse.
Tirloni re-interou que a Acif desde o ano passado havia apoiado a Celesc na construção da subestação na rua Angelo Laporta e que o próprio Ministério Público Estadual não tinha apontado problemas na construção. “Infelizmente aquele projeto não foi aprovado pela Câmara e a Celesc teve que achar um outro caminho.”
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, também defendeu urgência na solução do problema já que isso refletirá negativamente no setor turístico da cidade. “ A falta de energia não afetará somente a população local, mas também os turistas que deixarão de vir à cidade. Os Poderes Públicos têm que se agilizar neste sentido para evitar um problema ainda maior.”
(André Cia, A Notícia, 11/07/2007)
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