Postos de combustíveis são fechados na Ilha

Nove postos de combustíveis do Norte da Ilha foram fechados ontem na Operação Daphnia deflagrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O motivo da suspensão das atividades foi a poluição causada pelos estabelecimentos ao meio ambiente. Apesar de apresentar irregularidade, um posto não foi interditado por dispor de liminar judicial.

Os estabelecimentos tiveram bombas de combustíveis, equipamentos de lavação e de troca de óleo lacrados. Os locais somente poderão ser reabertos quando as caixas separadoras de água e óleo dos postos estiverem de acordo com as exigências de limpeza e de estrutura vigentes.

Os resíduos líquidos dos postos, em sua maior parte poluentes, como vestígios de combustíveis, são tratados e descartados pelas caixas separadoras. De acordo com uma portaria da Fatma, esses resíduos devem apresentar um Fator de Diluição (FD), que é o número de vezes que uma amostra é diluída para não causar danos ao organismo usado no teste, igual a oito. Em alguns casos, as amostras colhidas dos postos chegaram a um FD de 128.

– Dependendo do nível de toxidade, esses afluentes podem contaminar o solo e a água e, consequentemente, comprometer a saúde humana devido à presença de elementos cancerígenos – explicou o coordenador da operação, Apoena Calixto.

Segundo ele, a fiscalização detectou problemas em postos do Norte da Ilha quando os visitou para recolher amostras das caixas separadoras em fevereiro. Depois disso, foi mandado um ofício que estipulou um prazo de 10 dias para os estabelecimentos adotarem providências para diminuírem a toxidade dos resíduos. Os postos embargados ontem foram analisados após o prazo estipulado e voltaram a apresentar problemas de degradação ambiental.

Além do embargo, os nove postos foram multados em R$ 45 mil. Para recorrer da multa, o prazo é de 20 dias. Caso esses estabelecimentos voltem a funcionar sem permissão, o crime deixa de ser ambiental, podendo resultar em prisão dos responsáveis.

A operação começou no início do ano, após a constatação do Ibama de que os manguezais da Estação Ecológica de Carijós, no Norte da Ilha, apresentavam materiais poluentes. Batizada de Daphnia, a operação recebeu este nome porque trata-se do crustáceo utilizado como indicador nos testes de poluição.

Os postos

O que dizem os responsáveis

Posto Macedo, no Bairro Monte Verde: O gerente, que se identificou apenas como Marcelo, só afirmou que não tinha nada a declarar.
Posto Canasvieiras, em Canasvieiras: A proprietária Marcela Fernandes disse que o fechamento do posto foi um equívoco e que a coleta da caixa pode indicar variações de um dia para outro. Ela informou que vai procurar seus direitos e que, após o prazo de dez dias concedido pelo Ibama para a adequação da caixa, nem ela ou algum funcionário viram uma segunda coleta.
Posto Ilha do Sol, no Bairro Saco Grande: O gerente Rafael Melo disse que não sabe do resultado da segunda coleta e que vai procurar um advogado para reabrir o posto, já que calcula um prejuízo de R$ 5 mil por dia.
Nosso Posto, em Santo Antônio de Lisboa: Um atendente que não se identificou disse que o proprietário e o gerente não estavam e desligou o telefone.
Posto Cachoeira, em Cachoeira do Bom Jesus: Procurado por três vezes ontem à tarde, ninguém atendeu as chamadas telefônicas.
Posto Jurerê, em Jurerê: Procurado por três vezes ontem à tarde, ninguém atendeu as ligações.
Posto de Combustíveis Helix, no Bairro Saco Grande: Procurado por três vezes ontem à tarde, ninguém atendeu as chamadas.
Posto Raio de Sol, em Canasvieiras: Procurado por três vezes ontem à tarde, ninguém atendeu até cair no sinal de fax
Posto Raio de Sol, em Santo Antônio de Lisboa: Procurado por três vezes, ninguém atendeu as chamadas telefônicas.
Posto Sambaqui, no Bairro Saco Grande (funciona com liminar): Funcionário que se identificou como Paulo disse que nem o gerente nem o proprietário estavam e ele não poderia se manifestar sobre o caso ou passar o contato dos responsáveis
Fonte: Ibama

(DC, 06/06/2007)