A área central da praia de Ingleses, no Norte da Ilha de Santa Catarina, e uma pequena parte de seu entorno deve receber tratamento de esgoto em cerca de um ano. Pelo menos, esta é a projeção do secretário municipal de Habitação e Saneamento Ambiental de Florianópolis, Átila Rocha dos Santos. A entrega da ordem de serviço para complementação das obras do sistema ocorreu ontem à tarde, na sede do Vila Futebol Clube, no Sítio Capivari.
As obras representam investimento de R$ 6,9 milhões. Desse montante, 70% são recursos da Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina (Casan) e 30% financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). “A intervenção vai reduzir o nível de poluição nas proximidades do mar”, acredita o secretário.
Os serviços de implantação do sistema de esgotamento sanitário em Ingleses foram interrompidos em 2001. Nesta etapa serão assentados 5,5 mil metros de rede coletora, além de instaladas 224 ligações prediais. O secretário lembra que o projeto prevê a construção da estação de recalque com dois conjuntos de motobombas e a estação de tratamento de esgoto.
Ainda integram a obra dois emissários, um com 800 metros de extensão e o outro com 844 metros de comprimento para conduzir os efluentes tratados. “Mas para o sistema funcionar de forma adequada é fundamental a construção de um emissário submarino”, explicou Santos. Ele lembrou que a obra está condicionada à liberação de licenciamento ambiental por parte da Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma). O secretário está confiante que o orgão ambiental viabilize a obra. “Trata-se da alternativa mais sensata”, afirmou.
A população do balneário é de aproximadamente 50 mil habitantes, alcançando 150 mil na temporada. O projeto beneficia apenas cerca de 9 mil habitantes. “A idéia é potencializar a realização de etapas nos próximos anos, estendendo a rede em direção ao Santinho e avançando na rua das Gaivotas nos momentos seguintes”, explicou o secretário municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, Átila dos Santos.
Acif teme por descontinuidade dos trabalhos
Para o vice-diretor da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) – seccional Ingleses, Luciano Moura Pereira Oliveira, a obra só se justifica se ocorrer efetivamente o tratamento do esgoto. “Não adianta apenas construir tubulações coletoras e interromper os trabalhos pela metade, como ocorreu há cinco anos”, argumentou. O empresário disse que um sistema eficiente é desejo de todos os moradores e considera a iniciativa bem-vinda.
“Nossa preocupação é com a conclusão desta obra e a continuidade das outras etapas”, destaca. Oliveira lembra que o crescimento do bairro é muito dinâmico e que as ligações clandestinas ocorrem na mesma intensidade. “Como esta etapa vai atender uma pequena demanda é fundamental a fiscalização rigorosa no bairro”, argumenta. O vice-diretor considera que a poluição em Ingleses só não é maior e mais alarmante por conta do mar aberto que possibilita renovação mais freqüente da água do mar.
Estação de tratamento ainda não está autorizada
Os serviços da Casan em Ingleses foram iniciados em 1998 e suspensos em seguida, quando já estavam assentados 11 quilômetros de rede, com um total de mil ligações executadas. A partir de agora será necessário assentar outros 11 quilômetros de rede, ao longo da rua das Gaivotas, onde serão feitas outras 500 ligações, perfazendo um total de 1,5 mil. A estação de tratamento está com o projeto pronto e deve ser erguida no Sítio do Capivari. Da estação o esgoto tratado seguirá para o mar, se a Fatma liberar a licença.
Os problemas pela falta de esgoto tratado no bairro já haviam sido detectados em operação realizada pela Prefeitura, que desde 16 de dezembro deste ano percorre a Capital em busca de ligações clandestinas. Neste contexto, a Praia de Ingleses foi considerado um dos pontos mais críticos na cidade. Na ocasião, somada à sobrecarga do verão, foi registrada a irresponsabilidade de usuários que ligam o esgoto de casa diretamente na rede pluvial que deságua no mar sem tratamento algum. A situação na região se aproxima do estado de calamidade pública por causa, principalmente, do esgoto que escorre pela areia da praia. Na mesma região surgem reclamações de que esgoto estaria sendo jogado na nascente do rio Capivari.
(Gisa Frantz, A Notícia, 07/09/2006)
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