Moradores de Florianópolis produzem documentário para alertar sobre a poluição do mar

“Lixo marinho, um problema global”. Com este lema, quatro moradores de Florianópolis lançaram um projeto de financiamento coletivo para a produção do documentário “Uma Gota.Doc”, que visa sensibilizar a população de diferentes países sobre educação ambiental, consumo consciente, descarte de resíduos e a luta pela preservação dos oceanos.

A ação ganhou ainda mais força na última semana, quando um estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, alertou sobre a previsão de que “se nada mudar, os oceanos terão mais plásticos do que peixes [em peso] até 2050”. “Muitas pessoas acham que é o turista que gera lixo nas praias, mas ele vem das nossas cidades. Se o lixo está na rua, a primeira chuva que cai leva tudo para o bueiro e, de lá, para o mar. A gente pode mudar a consciência, recolher lixo das praias, reduzir o consumo, mas é preciso uma consciência global para mudar essa realidade”, disse o produtor do filme, Marcio Gerba.

Entre as ações que podem ser determinantes para a preservação ambiental, Gerba destaca a necessidade de mudar hábitos de consumo diários. “O grande problema não é o plástico em si, mas o material descartável de pouca duração, como aquela garrafinha de refrigerante que chega na sua mão e vai para o lixo em menos de cinco minutos. As pessoas não podem se iludir com a reciclagem, até porque a garrafa PET, por exemplo, só pode ser reaproveitada quatro vezes. A solução está na redução do consumo, principalmente, de produtos com embalagens descartáveis”, alertou.

Ao lado do amigo Simão Fillipe, Gerba também toca o projeto “Route”, de ações de limpeza de praias em Florianópolis. Para Fillipe, o cenário global é desanimador, mas isso não é motivo para continuar despejando resíduos nos oceanos. “A sensação é de que estamos em um caminho sem volta e até mesmo a menor solução pode gerar impacto negativo. Vai do caráter e da consciência da pessoa parar de sujar e, se possível, ajudar a limpar. Estamos enxugando gelo, mas se não enxugar escorre”, disse o co-fundador do projeto e videomaker do filme “Uma Gota.Doc”.

Microplástico

Um estudo divulgado por pesquisadores da East China Normal University de Xangai no final de 2015 jogou luz em outro grave problema gerado pela poluição dos oceanos. Depois de coletar amostras de sal marinho, os cientistas descobriram que todas as marcas de sal de mesa vendidas na China estão contaminadas com “microplásticos”. O estudo retrata a realidade do gigante asiático, mas, de acordo com os pesquisadores, é provável que todo o planeta esteja sofrendo com o mesmo problema.

O termo “microplástico” ainda é pouco familiar no Brasil. De maneira geral, trata-se de minúsculas partículas de plástico que são quase ou totalmente invisíveis a olho nu, provenientes de produtos ou embalagens plásticas, além de produtos de beleza e higiene pessoal, como esfoliantes, xampus, sabonetes, pastas de dente e protetores labiais, por exemplo, sob a forma de polietileno, polipropileno, plitereftalato de etileno (PET) e nylon.

Sabe aquelas bolinhas do sabonete esfoliante ou aqueles pontinhos coloridos nas pastas de dente? Pois bem, são feitos de plástico e escorrem pelo ralo das nossas pias diretamente para os oceanos, contaminando o meio ambiente e colocando em risco a vida marinha e a saúde humana. “Se o oceano está contaminado com plástico, estamos ingerindo plástico na nossa vida diária, seja através do sal marinho, seja nos peixes ou na pasta de dente”, disse Marcio Gerba.

Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 26/01/2016