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WTTC um ano depois: O que mudou para o turismo

Um ano se passou e pouca coisa mudou de fato. A realização do evento de turismo de maior expressão internacional que SC já recebeu, a reunião do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), em maio do ano passado, ampliou a visibilidade da Capital e do Estado para operadoras e investidores globais. Mas apesar do enorme potencial identificado em SC, especialmente pelas belezas naturais preservadas, ainda há muito o que fazer para superar os seis principais pontos fracos diagnosticados por um estudo realizado pelo próprio WTTC.
Os resultados não surgem da noite para o dia e geram um jogo de empurra entre setores privado e público Empresários responsabilizam o governo por impostos altos e a falta de infraestrutura, e o poder público entende que o empresariado não faz a sua parte. Existe ainda um conflito que está longe do equilíbrio: a relação entre investimento e meio ambiente.
Um dos principais articuladores da reunião do WTTC em SC, Vinícius Lummertz, secretário de Planejamento e Relações Internacionais, cita três avanços no curto prazo. São eles a capacidade de organização de um evento deste porte, a presença de alguns dos maiores empresários do setor e a divulgação do Estado na mídia internacional.
Lummertz representa o governador no 10º WTTC, que será realizado de 25 a 27 deste mês, em Pequim. Doze empresas catarinenses também irão à China, mas para apresentar projetos turísticos na ExpoXangai, a maior feira do mundo. Além disso, consultoria espanhola prepara um plano de marketing para SC. Se alguma coisa mudará mesmo, só o tempo dirá.
(Por Alícia Alão, DC, 23/05/2010)
Meio ambiente é o trunfo
Turista estrangeiro quer ver o que não tem em seu país de origem: natureza exuberante e preservada. E isso SC tem. Dez unidades de conservação no Estado representam 2% do território catarinense.
O aproveitamento econômico desses espaços, aliando preservação e desenvolvimento, está em estudo no Comitê para Desenvolvimento do Turismo e Unidades de Conservação, coordenado pelo presidente da Fundação do Meio Ambiente, Murilo Flores. Esse comitê é apontado como resultado direto da reunião do WTTC.
A ideia é seguir o modelo de parques estrangeiros – entre eles Yellowstone, nos EUA, que recebe 4 milhões de turistas por ano, e o Blue Mountain, na Austrália, com 3 milhões – e nacionais, como Foz do Iguaçu.
Flores afirma que a economia das cidades do entorno é positivamente afetada, movimentando os setores de hospedagem, gastronomia e serviços.
Flores esteve em Brasília, na semana passada, negociando a captação de recursos com os Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Mundial e uma agência francesa de cooperação. Ele acredita que, em três meses, a política da visitação com preservação seja definida no Estado.
– O WTTC foi forte em dizer que natureza é grande atributo de SC. Temos patrimônio vastíssimo pouco explorado – diz Flores.
O turismo de aventura e o ecoturismo já estão se preparando para receber os gringos. Em abril, a Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo deu início ao programa Aventura Segura (Abeta), que oferece cursos de gestão de segurança e certifica as operadoras. O coordenador da Abeta/SC, Thiago Sardá, lembra que o turismo de aventura é o terceiro mais procurado no mundo.
(DC, 23/05/2010)
Há interesse estrangeiro, mas faltam bons projetos
Formada por 26 empresas catarinenses dos setores imobiliário, turístico e de tecnologia, pode-se dizer que a Investing Santa Catarina é cria do WTTC. Como o próprio nome sugere, a ideia é facilitar a condução e o fechamento de negócios internacionais.
O presidente executivo da Investing SC, Marcelo Fett, explica que o governo do Estado montou uma equipe de consultores com o objetivo fazer um mapeamento das oportunidades em SC para ser apresentado aos participantes do WTTC. Depois do evento, o grupo participou do Salão Imobiliário de São Paulo, em setembro, e do Barcelona Meeting Point, em outubro.
A essa altura, os consultores entenderam que valia a pena continuar a promoção do Estado como destino de investimentos, e criaram a associação sem fins lucrativos, em dezembro do ano passado.
O grupo é privado, mas atua em parceria com o governo, estudando ações de promoção do Estado. A lista de membros da Investing SC inclui Habitasul, CostãoVille, Perini Business Park, Grupo Santa Paula Hotelaria, Grupo Thá, Pedra Branca e Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate).
O grupo foi procurado por grandes redes hoteleiras internacionais, entre elas Hilton, Seraton e Intercontinental, que têm interesse em se instalar em SC. O problema é que estas bandeiras atuam como franquias. Emprestam conhecimento e o peso da marca, mas não investem na obra física.
O dinheiro viria de empresários locais ou outro grupo estrangeiro, explica Fett, o que não tem ocorreu ainda. Faltam projetos qualificados de viabilidade econômica para garantir a rentabilidade do empreendimento e minimizar o risco.
– Chegou o momento do passo adiante, de transformar empresas médias em grandes – defende Fett.
(DC, 23/05/2010)
“Ainda há barreiras que tornam outros destinos mais atrativos”
Jean-Claude Baumgarten Presidente do WTTC
Em entrevista ao DC, O presidente do WTTC, Jean-Claude Baumgarten, reafirma a visão de potencial de SC, mas recomenda que o Estado invista num turismo mais lucrativo e sustentável.
Diário Catarinense – Um ano depois do WTTC em Florianópolis, alguma coisa mudou?
Jean-Claude Baumgarten – Sim, com certeza a percepção de Florianópolis e Santa Catarina pelo mercado internacional, representado por nossos membros, mudou. Muitos deles agora sabem mais sobre a rica diversidade de opções de lazer disponíveis, tanto quanto as facilidades de negócios. Mas ainda não há dados que confirmem se o número de turistas estrangeiros aumentou.
DC – O que melhorou e o que ainda precisa ser feito?
Baumgarten – Certamente houve um avanço no reconhecimento do potencial das riquezas naturais da região para atrair turistas, e o governo claramente reconhece a contribuição do setor de viagem e turismo para a economia do Estado e está comprometido com seu desenvolvimento. No entanto, o impacto global do setor não parece ser amplamente percebido pelo público e pelo setor privado, e parece haver um entendimento insuficiente da necessidade de apoiar a indústria para garantir que se desenvolva de maneira sustentável – para o benefício de todos os interessados. Muito há que ser feito com planejamento de longo prazo para que a indústria seja verdadeiramente sustentável.
DC – Qual imagem os membros do WTTC levaram de Santa Catarina ao final do evento?
Baumgarten – Nossos membros enxergam o enorme potencial da região, mas pensam que ainda há muito a ser feito, principalmente focando num turismo mais lucrativo, e que proteja os recursos naturais do ambiente no longo prazo. Uma gama mais ampla de opções deve ser oferecida aos turistas além do “sol, mar e praia” do litoral de Santa Catarina.
DC – Você acredita que o anúncio da construção de um novo Aeroporto Internacional Hercílio Luz na Capital possa ter sido influenciada pelo WTTC?
Baumgarten – Gostamos de pensar que o WTTC e o congresso realizado em Florianópolis contribuíram de forma significativa. O apoio e a presença do alto escalão do governo no congresso forneceu ao mercado internacional, que tinha delegados ali, a oportunidade de discutir os caminhos que as políticas públicas e os planos podem ajudar a viagem e o turismo a prosperarem.
DC – SC está na mira de investidores ou do mercado global?
Baumgarten – Existe interesse na área, devido ao aumento da exposição após o congresso do WTTC. Mas não fomos informados sobre os planos particulares de expansão de nossos membros. A região ainda tem barreiras que tornam outros destinos mais atrativos e ainda há espaço para confusão em termos de questões legais. Esses assuntos precisam ser simplificados, de preferência, por meio de uma central única de informações sobre investimentos no país.
DC – É possível comparar os desafios para viagem e turismo no Brasil e na China, onde o WTTC está sendo realizado este ano?
Baumgarten – Os dois países representam metade da economia dos BRICs, nos quais as nações desenvolvidas reconhecem as oportunidades de investimento e expansão. E os governos dos dois países – nos altos escalões – reconheceram o potencial do setor de viagem e turismo para o desenvolvimento econômico e a geração de emprego. Mas a China vem crescendo num ritmo fenomenal, e, como resultado, está se movendo mais depressa e com maior urgência para facilitar investimentos no país.
(DC, 23/05/2010)
Acesso ruim por meios aéreos
A inexistência de voos diretos entre SC e pontos da Europa e EUA desestimula a chegada de estrangeiros, que têm de fazer escala no Rio ou em São Paulo, tornando a viagem mais longa e desgastante. A melhoria do acesso por via aérea foi colocada como urgente pelo WTTC.
O que mudou?
No início do mês, governo do Estado e Infraero assinaram um acordo de coooperação para viabilizar a ampliação do aeroporto Hercílio Luz, na Capital, que tem como prazo março de 2014. Com investimento de R$ 436 milhões, o novo terminal elevará a capacidade de 1,1 milhão para 2,7 milhões de passageiros/ano. A nova estrutura foi prevista para atender a demanda até 2020, e poderá ser ampliada tão logo acabe a obra. Prometida há pelo menos sete anos, a reforma anunciada do aeroporto é vista com reserva pelo trade turístico.
Sazonalidade
O fluxo de turistas em SC está altamente concentrado no espaço e tempo. O Litoral, principalmente a Grande Florianópolis, recebe uma grande massa de visitantes durante o verão. O WTTC identificou que SC tem muito mais a oferecer do que sol e mar. O estudo sugeriu diversificar mercados e produtos para esticar a temporada e estender os benefícios econômicos do turismo para todo o Estado.
O que mudou?
O plano de marketing para as 10 regiões de interesse turístico de SC, que custou R$ 625 mil, será concluído até o final deste ano. Até lá, tanto o governo quanto os empresários entendem que o problema deve ser minimizado com grandes eventos fora da temporada de verão. Desde o ano passado, pelo menos sete eventos internacionais fora agendados. O objetivo é elevar a qualidade dos eventos, não só a quantidade.
Dados pouco confiáveis
As estatísticas sobre turismo em SC e no Brasil, de modo geral, não inspiram confiança, segundo a Organização Mundial do Turismo. O WTTC entende que elas são importantes para ajudar na tomada de decisões. Para melhorar a confiabilidade dos números, o estudo sugeru a melhoria de metodologias para promover o turismo com sustentabilidade.
O que mudou?
A Fecomércio/SC criou, em abril deste ano, a Câmara Empresarial do Turismo. Entre outras atribuições, ela tem a missão de adotar metodologias científicas para obter dados mais confiáveis. Os resultados poderão ser observados em um ano. O grupo também vai prover capacitação de pessoal e realizar estudos para os setores público e privado. O governo está desenvolvendo um software com o objetivo de ampliar os sistemas de informação para pesquisas.
Falta de imagem clara do produto
Durante duas décadas, o mar- keting turístico de SC foi voltado para o mercado doméstico de baixo custo. O estudo do WTTC sugeriu uma campanha promocional para melhorar a imagem do destino e conscientizar o público sobre a relevância econômica do setor para os municípios e o Estado. A internet seria o melhor meio para divulgar a marca catarinense e atingir o turista estrangeiro.
O que mudou?
É unânime a crença de que a realização do WTTC em SC, por si só, já melhorou a imagem do Estado e colocou Florianópolis no “mapa do mundo”. O plano de marketing contratado pelo governo do Estado permitirá adaptar o produto turístico catarinense às preferências do mercado. O governo diz que o futuro plano de gerenciamento costeiro dos municípios ajudará na exploração do Litoral catarinense.
Carga tributária elevada
A taxação excessiva é considerada um problema nacional. Para o WTTC, faltam regras claras para potenciais investidores e há muita burocracia na busca de informações necessárias. Somente para a hotelaria, há 57 impostos diferentes. O estudo sugeriu taxação inteligente a centralização de informações para o investidor, além de incentivos fiscais públicos.
O que mudou?
Por enquanto, segue tudo como está. O que existe, desde 2007, é o Pro-Emprego, que oferece incentivo a empresas “de interesse econômico”, sem enfocar o turismo. Também há incentivos fiscais a cervejarias artesanais e produtores de vinho, com redução de ICMS. Mas o WTTC reforça que, por conta de incertezas jurídicas, é possível simplificar o processo com uma central única de informações para investidores estrangeiros.
Monitoramento de tendências
Por falta de dados confiáveis, Santa Catarina não acompanha tendências de mercado (maiores emissores de turistas, destinos preferidos etc). O WTTC entende que isso pode influenciar negativamente o potencial de crescimento do turismo, porque o Estado perde a chance de identificar e explorar novos produtos e nichos de atuação.
O que mudou?
O plano de marketing de SC deve estruturar esse monitoramento. Mas tanto o setor público quanto o privado afirmam acompanhar tendências em eventos internacionais.
Fontes: presidente da Infraero, Murilo Marques Barboza; presidente da Federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de SC, Estanislau Bresolin; presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih/SC), João Eduardo Moritz; secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Valdir Walendowsky; presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux de SC, Ricardo Ziemath; presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagens (Abav/SC), Eduardo Loch; presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux de SC, Ricardo Ziemath.

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