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O perigo pode estar no outro lado da linha
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O evento Floripa Real, realizado de 25 a 27 de julho, em Florianópolis, resgatou lutas históricas, sob a ótica dos movimentos sociais e ambientalistas, sobretudo, dos atores sociais do Fórum da Cidade, União Florianopolitana das Entidades Comunitárias (Ufeco) e Fórum do Maciço do Morro da Cruz.

Estes movimentos, nas últimas décadas, acumularam lutas sócio-ambientais e políticas marcadas pela tentativa de democratização das contradições culturais, sociais e políticas que colocam em disputa dois projetos claramente diferenciados: de um lado, a sociedade civil organizada, conhecedora e portadora de um olhar crítico da condição frágil de uma ilha e sua paisagem natural; de outro, a contradição de uma sociedade especuladora, que usa o discurso da geração de emprego e renda sem no entanto preocupar-se com a sustentabilidade e compromete a sensibilidade da natureza através do looby do mercado imobiliário, que aposta na perspectiva de aumentar seus lucros e a hegemonia do poder promíscuo entre o público e o privado, que se confundem.

Entretanto, é preciso fazer uma crítica ao oportunismo do prefeito Dário que numa tentativa desesperada, tentou usar o espaço do Floripa Real para barganhar uma gestão democrática de última hora, feita por um governo que até o momento não passou de falácia, mas que aproveitou a presença da mídia para usar o evento social como pano de fundo, fazendo inclusive referências ao Maciço do Morro da Cruz e à verba do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) como se fosse mérito seu.

Aliás, é bom que fique claro que os recursos para as obras sociais do maciço são fruto de vários anos de reivindicações das lideranças históricas e perseguidas daquela região, muitas delas ameaçadas de morte e forçadas a abandonarem seus lares. Também é preciso acrescentar que este recurso, do Governo Federal, está sendo usado pela Secretaria de Habitação de Florianópolis para cooptar lideranças em projetos obscuros e importados de outras realidades. O processo não está incluído no Plano Diretor, que deveria ser Participativo, e muito menos está sendo discutido com as organizações do Maciço.

O Floripa Real mostrou a face das disputas e dos projetos personalistas dos vários atores envolvidos, mas o mundo invisível – os morros, a periferia, a parcela pobre de nossa população – permaneceu na obscuridade. Apesar do plano de mídia, pago pelo prefeito, não se sentiram incluídos. Ou seja, nas palavras do Dr. Ildo Rosa, coordenador do Núcleo Gestor, o evento parecia uma reunião ampliada do Núcleo Gestor de Florianópolis.

Jair Batista Ramos – militante do movimento social (A Notícia, 05/08/2007)

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