Trânsito está à beira do colapso

Quatro instituições ligadas à área da engenharia, arquitetura, comércio e indústria apresentaram estudo que aponta o sistema viário na Via Expressa e nas pontes de Florianópolis à beira do caos. As pontes que ligam a Ilha ao Continente têm fluxo diário superior a 150 mil veículos, igual ao da Ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, onde a população é seis vezes maior do que a da Grande Florianópolis.

Preocupados com um provável colapso no trânsito na Capital, as quatro instituições montaram estudo técnico para sugerir aos órgãos públicos soluções que evitem o caos.

O presidente do Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Raul Zucatto, teme que a cidade esteja no caminho para um colapso no trânsito, se nenhuma providência for tomada com urgência.

Ele lembra que em 1970 passavam pela Ponte Hercílio Luz – única ligação na época, desativada hoje – 8,6 mil veículos ao dia. Em 1980, com a Ponte Colombo Salles, eram 80 mil veículos dia. Hoje, com uma ponte a mais – a Pedro Ivo Campos – é quase o dobro.

Zucatto prevê que, se esse ritmo continuar, serão 180 mil no ano de 2010 e 240 mil veículos em 2020.

O presidente do Crea aponta como uma das soluções a ampliação da capacidade da Via Expressa. A sugestão seria construir mais duas pistas em cada lado da rodovia. Os órgãos de engenharia defendem mais uma ligação Ilha-Continente.

Ipuf anuncia viaduto em frente à rodoviária

A idéia das instituições é discutir o assunto com os órgãos públicos. Nesta semana, os técnicos se reuniram por três horas com o prefeito da Capital, Dário Berger (PSDB), com a direção do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) e com o secretário Regional da Grande Florianópolis, Valter José Gallina, representando o governo do Estado.

O diretor-geral do Ipuf, Ildo Rosa, adiantou que o município já tem projeto para construir um viaduto ao lado do Terminal Rodoviário Rita Maria e de frente para o Intercity Hotel. Ou seja, quem chega do Continente e faz o contorno para pegar a Beira-Mar Norte, não precisaria mais parar na sinaleira em frente ao hotel. Passaria direto pelo viaduto.

Os números

Frota nacional: 24 milhões
Frota na Região Sul: 30% da nacional
Frota em SC: 6% da nacional
Crescimento da frota na Capital: 8,6 mil veículos em 1979; 199,4 mil em 2006
Frota per capita na Capital: 1 veículo a cada 2 habitantes
Frota per capita na Grande Florianópolis: 1 veículo para cada 2,4 habitantes

Comparativos

– A Ponte Colombo Salles tem hoje o maior volume de travessia rodoviária sobre o mar no Brasil.
– Tem os mesmos 150 mil veículos que passam diariamente na Ponte Rio-Niterói.
– O movimento da Colombo Salles é quatro vezes superior ao tráfego da ligação através da ponte entre Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo, onde passam 40 mil veículos por dia.
– Apesar de o número de veículos na ponte do Espírito Santo ser bem menor, a população da Grande Vitória é praticamente a mesma da Grande Florianópolis, cerca de 1 milhão de habitantes.
– As duas pontes que ligam Ilha de Santa Catarina e Continente operam hoje com um volume em torno de 60% de uma estimativa prevista até o ano de 2020 (236,8 mil veículos dia).
– Pela projeção matemática, o volume de tráfego nos próximos 14 anos deve dobrar em Florianópolis. Se a mesma estrutura do sistema viário nesses pontos estratégicos for usada, a capacidade física de travessia ficará comprometida
– Todo esse tráfego reflete diretamente nos congestionamentos na Via Expressa (BR-282), rodovia que liga as pontes até a BR-101 e corta bairros de Florianópolis e São José.
Obs.: fatos relatados em estudo que sugere soluções alternativas para o Sistema Viário da Via Expressa.
Fontes: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Associação Catarinense de Engenheiros (ACE), Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) e Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina (Senge)

(Hermes Lorenzon, DC, 01/02/2007)