As estimativas mais otimistas projetam as viagens inaugurais do chamado Bus Rapid Trânsit pelas ruas da Capital ainda em 2018, mas na prática há uma série de obstáculos para que o BRT (sigla em inglês para Transporte Rápido por Ônibus) receba seus primeiros passageiros e repita a experiência já consolidada em cidades como Curitiba e Rio de Janeiro.
O futuro meio de transporte é uma das principais apostas do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus), que prevê obras de melhorias no trânsito da região até 2040. Uma das etapas previstas no plano foi cumprida nesta segunda-feira: as prefeituras de Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José e São Pedro de Alcântara formalizaram o direito de o Estado tomar providências voltadas ao trânsito em nome da região metropolitana.
A Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana (Suderf), criada pelo governo estadual, assume o papel de guarda-chuva acima dos municípios. Apesar de ganhar agilidade em termos administrativos, o titular da superintendência, Cássio Taniguchi, ainda corre atrás de verbas e de acordos para que o BRT saia do papel. Como o custo para a primeira etapa do modelo é calculado entre R$ 800 e R$ 900 milhões, o Estado busca verbas para garantir uma contraprestação de cerca de R$ 400 milhões.
—A negociação com o BNDES está em pleno vapor. Eles estão superinteressados em financiar, até porque foram eles que financiaram e elaboraram o Plamus. Eles têm o interesse de que não fique na prateleira — reforça Tanaguchi.
Duas empresas elaboram um modelo de parceria público-privada para estabelecer as condições da futura concessão. A empresa vencedora da concorrência terá de arcar com o serviço que inclui a infraestrutura dos corredores de ônibus e dos terminais. Até maio, uma proposta de parceria será escolhida e colocada em discussão em audiências públicas. O calendário prevê que, entre junho e julho, esta etapa seja concluída e comece a elaboração dos editais de concorrência.
O processo também promete ser gradativo porque demanda 90 dias de análise do Tribunal de Contas e outros 45 para a tramitação da própria concorrência. Obras na pista só são esperadas para o ano que vem.Enquanto isso, além de garantir a verba, o Estado depende de liberação da empresa Arteris e da ANTT para que o BRT ganhe uma pista central na BR-101.
A duplicação da Via Expressa, que ainda depende de licitação e estará na rota do futuro transporte, é mais uma pendência. —Um trecho do BRT talvez a gente consiga colocar em operação em 2018, independentemente da continuidade de execução das obras. É um desafio grande, mas vamos atrás— diz o superintendente.
MOBILIDADE URBANA
— O Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus) tem diagnósticos e indicações de obras para resolver os problemas de trânsito da região até 2040.
—O estudo foi financiado pelo BNDES e depende de verbas para que as propostas sejam colocadas em prática. O Bus Rapid Transit (BRT) percorrerá a BR-282 (Via Expressa), BR-101 e o futuro anel viário de Florianópolis, ainda em construção. Mais adiante, o sistema ainda deve se estender pelo Norte e Sul da Ilha e pelos municípios de Biguaçu, São José e Palhoça.
—Parte do projeto do Anel Viário da Prefeitura de Florianópolis foi reformulado para que as estações de embarques de passageiros fiquem em um canteiro central em vez das laterais das vias, como era previsto.
(Diário Catarinense, 18/04/2016)