A construção da terceira faixa da BR-282, no trecho de ligação da BR-101 à Ilha de Santa Catarina, conhecida como Via Expressa na região metropolitana da Grande Florianópolis (RMF), pode melhorar a mobilidade urbana da região se for exclusiva para transporte coletivo. Levantamento das empresas de ônibus que operam na RMF apontam que a pista dedicada aos ônibus vai diminuir em média 40 minutos o tempo de viagem no trecho da Via Expressa, nos horários de pico, para entrar na Ilha de Santa Catarina.
Para avaliação do uso da capacidade viária disponível, é necessário comparar o fluxo de pessoas que trafegam na via. Por automóvel, a capacidade de uma faixa de rolamento situa-se próximo dos 1800 veículos/hora com ocupação média de 1,3 pessoa (pax/auto) segundo o PLAMUS. Em um cenário sem congestionamento, automóveis têm capacidade de transportar 2400 pessoas por automóvel, ou 40 pessoas/min; já em situação de engarrafamento com 600 a 900 veículos/hora os carros transportam 16 pessoas/min.
Com a faixa exclusiva de ônibus até 80 pessoas por minuto serão transportadas, sendo que no horário de pico a capacidade da faixa é multiplicada por cinco. Já para os automóveis há melhorias no tráfego sem a presença de ônibus na pista.
“Os ônibus carregam muito mais pessoas que os automóveis e é neste sentido que temos que pensar na melhoria na mobilidade urbana da região metropolitana. Os números mostram que a faixa exclusiva para o transporte público, sem motociclistas, vai permitir que mais pessoas utilizem o sistema de ônibus. Temos que pensar que esta faixa exclusiva, que pode parecer ociosa às vezes, na verdade transporta cinco vezes mais pessoas do que o automóvel, mostrando a eficiência do ônibus. É como se fosse um trilho de trem que nem sempre está ocupada, mas quando isso acontece transporta um número de pessoas muito maior”, explica o professor do Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC Werner Kraus Jr.
Com a faixa exclusiva para o transporte público, algumas linhas de ônibus passariam a utilizar a Via Expressa cuja velocidade média em horário de pico será de 60 km/h conforme estimativa do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC. Hoje a velocidade varia de 7 km/h a 40 km/h.
O levantamento foi apresentado em reunião na UFSC, nesta tarde, com a participação de representantes das empresas de ônibus, da Suderf, consultores nacionais e internacionais da Agência de Fomento Alemã GIZ e de pesquisadores do Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC.
Assistência técnica GIZ
Consultores da agência alemã GIZ explicaram o trabalho realizado para aperfeiçoar o projeto da Rede Integrada de Transporte Coletivo Metropolitano na RMF por meio do programa de consultoria FELICITY (Financing Energy for Low-carbon Investment – Cities Advisory Facility) – em tradução livre, Financiando Energia para Investimentos de Baixo Carbono – Consultoria para Cidades).
O objetivo da assistência técnica é tornar o projeto passível de financiamentos internacionais; entre os requisitos está a inserção gradual de ônibus com menor potencial poluidor. As consultorias da GIZ não geram custos ao Governo do Estado, apenas contrapartida de pessoal para o andamento dos trabalhos.
O FELICITY é um programa mundial que incentiva o desenvolvimento de projetos de infraestrutura urbana de baixa emissão de carbono para que estejam aptos a receber financiamentos internacionais. É financiado pela Iniciativa Internacional de Proteção ao Clima (IKI) do Ministério Federal para o Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU) e implementado pela Agência Alemã GIZ em colaboração com o Banco Europeu de Investimento (BEI).
(Observatório da Mobilidade Urbana, 24/04/2019)
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