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Horto medicinal do Hospital Universitário é espaço para troca de conhecimento

Foi em busca de galhos de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) que a auxiliar de serviços gerais Sandra Mello, 44 anos, procurou o horto medicinal do Hospital Universitário da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). A erva será utilizada pelo marido no tratamento de gastrite. “O médico receitou medicamentos e recomendou o uso desse chá para auxiliar na cicatrização”, diz Sandra. O conhecimento e as mudas de plantas medicinais que a população leva e colhe no horto são divididos com estudantes dos cursos de medicina e enfermagem, desde 1998.

Para os alunos da UFSC, o horto é uma sala de aula sem paredes. Para os vizinhos do campus, o lugar é uma farmácia a céu aberto. Até poucos dias o espaço de cultivo era de 800 m². Outros 300 m² foram acrescidos esta semana. O horto também ganhou cerca e a área coberta foi revitalizada.

Todas as quintas–feiras o médico e professor César Paulo Simionato passa seus conhecimentos sobre as plantas aos estudantes e à população interessada. “Não temos nenhum curso específico na universidade que absorva estas ciências. Minha intenção é instruir os estudantes para que orientem os pacientes sobre o uso conjunto de medicação e plantas medicinais”, afirma.

Segundo pesquisas da área, pelo menos 80% da população utilizam ervas e plantas medicinais no tratamento de doenças. O uso seguro e adequado das espécies também está entre os objetivos de Simionato.

Médico usa nome popular da planta

O médico e professor César Paulo Simionato procura apresentar as plantas pelo nome popular, porque sabe que uma mesma espécie recebe nomes diferentes dependendo da região do país. “Indiquei mastruço a uma paciente. Saí com ela a procurar a planta, no pasto, ao lado da unidade de saúde do Rio Tavares, onde atendo. Eu buscava por uma erva rasteira e ela por um pé com galhos. Quando ela achou me mostrou outra espécie. Ao lembrar que ela era nordestina, entendi a situação”, conta.

Da troca com a comunidade, o professor ganhou, além de centenas de mudas, um exemplar de rosa-verde. A flor desta planta é formada por sépalas (o bulbo é envolvido por folhinhas que formam a rosa). “A senhora de 80 anos que doou a muda disse que é indicada para coração abafado”, afirma. A finalidade ainda não tem comprovação científica.

Orientação sobre a melhor erva para cada doença

Pelo horto didático as mais de 150 plantas estão distribuídas e misturadas como em um jardim caseiro. Algumas espécies ainda não foram classificadas. O médico e professor César Paulo Simionato tem o apoio voluntário da farmacêutica e bioquímica Ana Silveira, 72 anos.

Com os livros sobre plantas regionais sempre a mão, Ana orienta a comunidade sobre a melhor erva para cada doença. Ela lembra que por décadas o uso dos chás foi deixado de lado porque era ignorado pela medicina. Situação que tem mudado nos últimos anos, segundo a farmacêutica.

Ana participou com Simionato da formação do horto, que antes era ocupado por um bambuzal. “Tenho fotos do César preparando os primeiros canteiros”, conta.

Quem visita o local com frequência é o ambientalista e cultivador de ervas medicinais Alécio dos Passos. “A troca é o que este lugar tem de melhor. Conhecimento e mudas sempre circulam por aqui”, diz.

ALGUMAS PLANTAS DO HU

Erva baleeira (Varronia curassavica): também conhecida como trinca-trinca, caramona e maria preta. É um poderoso anti-inflamatório. Erva de restinga ameaçada pela especulação imobiliária.

Melissa (Melissa officinalis): indicada no combate ao estresse.

Mastruço (Coronopus didymus): indicado no combate a vermes, ácido úrico, anemia e infecções respiratórias.

Mais informações no site: www.hortomedicinaldohu.ufsc.br

(Notícias do Dia Online, 26/09/2014)

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