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Grupo de pesquisa Virtuhab da UFSC estuda métodos de construção mais sustentáveis

O grupo Virtuhab pesquisa projetos, materiais e métodos de arquitetura sustentável, buscando soluções com menor impacto ambiental que sejam tão eficientes quanto as construções mais usuais. Atualmente o grupo atua em diversos subprojetos, atraindo acadêmicos que fazem pesquisas sobre o tema da sustentabilidade na área de arquitetura, design, engenharia civil, com enfoque em construção de edificações e suas interfaces.

Quando ainda era professora na Unisul em 2010, onde atuou por 10 anos, Lisiane Ilha Librelotto iniciou o grupo de pesquisa, que tinha foco em construções para reassentamento da população pós-desastres, financiado pela FAPESC (Fundação de Amparo à pesquisa e inovação do estado de Santa Catarina). Quando ingressou como professora do Departamento de Arquitetura da UFSC, transferiu o projeto para Universidade, que cedeu o Labrestauro como espaço físico. Um dos resultados deste projeto foi o de uma casa flutuante feita de containers, uma ideia promissora que vem ganhando mercado nos últimos anos.

Um dos exemplos de material explorado pelos pesquisadores do grupo é o bambu, que tem certa rejeição por, em primeira vista, parecer não muito durável. Sumara Lisboa, mestranda da pós-graduação em arquitetura da UFSC e membro do Virtuhab, afirma que se bem tratado e trabalhado, o bambu pode ser tão eficiente e durável quanto uma construção de alvenaria tradicional. Em sua pesquisa de mestrado, ela estuda a técnica da taipa de mão, ou pau a pique, com enfoque na estanqueidade de painéis confeccionados com bambu roliço. A técnica resulta em um material resistente e ecológico, que pode ter variações de materiais e possui inspiração na arquitetura vernácula. Como exemplo de uso desta técnica mista de construção, há o Palácio Cruz e Sousa, localizado no Centro de Florianópolis, que utiliza pau a pique com madeira serrada em parte de sua construção.

Além de Librelotto, o professor Paulo Ferroli, do curso de Design de Produto, também coordena o grupo de pesquisa que reúne em média 20 pessoas, contando com 4 bolsistas de extensão da graduação, 2 bolsistas de pesquisa, 1 estagiário, 6 doutorandos e 3 mestrandos da pós-graduação em arquitetura, além dos colaboradores e voluntários. O grupo também promove o Ensus, o Encontro de Sustentabilidade em projeto, que teve primeira edição em 2007, em Itajaí, e é sediado pela UFSC desde sua 4ª edição, em 2016. O evento tem como público os cursos de Arquitetura, Design, Engenharia Civil e áreas afins a discussão da temática ambiental. Universidades como a UFPE, a UFRGS e a Univali participam do evento, juntamente com mais de 100 instituições brasileiras e internacionais. Há previsão que a próxima edição do Ensus ocorra na Unisul.

No âmbito de periódicos, o Virtuhab produz a Mix Sustentável, criada em 2015, com quatro publicações por ano, e que possui QUALIS/CAPES em sete áreas do conhecimento. Outra de suas publicações é o livro “Tópicos em Design: biomimética, sustentabilidade e novos materiais”, parceria entre a UFSC e UFPE, que conta com o projeto de Alexandre Oliveira Vitor. O graduando encontrou no grupo um ambiente para desenvolver seu projeto de TCC em Engenharia Civil, que consiste em um protótipo de residência construída em bambu e argamassa de revestimento com terra e cal. Durante o desenvolvimento, alguns colaboradores trabalharam com Oliveira que, já formado, possui cliente para um projeto de residência em bambu com 56m². No momento o bambu é o principal tema de pesquisa do grupo, que, coletivamente com a UFSC, UTFPR, UNESP, UEL e UNICAMP,  publicou o livro”BAMBU – Caminhos para o desenvolvimento sustentável no Brasil “, que você encontra aqui.

A materioteca, outro projeto do Grupo aberto para visitação no Labrestauro, é outro dos diferenciais, que enfatiza a catalogação de materiais. O bambu, por exemplo, possui 1500 espécies, e através da catalogação é possível identificar a viabilidade e as características de cada uma. Além disso, os materiais precisam ser adequados ao ambiente em que serão utilizados. Lisboa explica que casas feitas com um mesmo material podem ter variação na durabilidade conforme a região do país, devido a reação do material às diferentes condições climáticas em que for submetido. A revista da Fapeu, em 2015, fez uma matéria com o grupo, falando sobre a “Materioteca para construções sustentáveis”, destacando a importância da catalogação dos materiais, e o diferencial do projeto em utilizar o ambiente virtual.

Em entrevista ao Diário Catarinense, Librelotto ressaltou a importância de iniciativas como o grupo Virtuhab. “Hoje, eu posso te dizer que a sustentabilidade dentro da construção, em um conceito pleno, ainda não existe. O que nós temos são iniciativas, que nós temos que ver com bons olhos, porque é melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. A cultura da população local presente naquele bairro. Se há policiamento, áreas de lazer para população. E principalmente enxergando a empresa construtora e o edifício como um agente promotor do desenvolvimento urbano. Se quiser construir ali e o bairro não apresenta condições, tem de implementar as condições primeiro para depois construir, em uma parceria público/privada”, afirmou.

A sustentabilidade tem ganhado cada vez mais destaque. Em maio deste ano, a Casacor, evento de design de interiores, teve uma temática voltada para a arquitetura sustentável. Segundo o Green Building Council Brasil (CBC), o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, da China e dos Emirados Árabes no ranking de países com mais obras certificadas por sustentabilidade, e medidas como a implementação de cidades e comunidades sustentáveis, ou a produção agrária com sustentabilidade, fazem parte dos “17 objetivos para transformar nosso mundo”, que integram a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Mais informações na página do grupo Virtuhab.

(UFSC, 27/06/2019)

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