19 jan Florianópolis deixa de ser refém do crime organizado e tem queda de 70% nos assassinatos
Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 18/01/2022)
A criminalidade em Florianópolis vinha numa ascendente até 2017. A Capital catarinense convivia com mortes frequentes por conta da disputa de facções criminosas por pontos de tráfico de drogas. Os assassinatos ocorriam em locais afastados ou movimentados, sem horário determinado, como um jovem morto a tiros no Mercado Público pouco antes do meio-dia de 3 de março de 2017. Naquele ano, 149 pessoas foram assassinadas na Capital. A partir do começo de 2018, diante da forte cobrança da sociedade e da assustadora onda de ocorrências, a segurança pública tornou-se prioridade das gestões públicas, o que fez as estatísticas caírem 70% em quatro anos.
Segundo os dados divulgados pelo governo do Estado nesta terça-feira (17), em 2021 foram 44 homicídios em Florianópolis. O número destoa daquele registrado em 2017. A Capital foi a cidade catarinense com a maior queda nas ocorrências entre 2020 e 2021, com 21 assassinatos a menos. Em seguida, no ranking das maiores reduções, vêm Xanxerê e Araquari, com oito casos em cada município.
Para que a redução em Florianópolis ocorresse, um ponto foi fundamental: o controle das ações das facções criminosas. Principalmente no Norte da Ilha, os grupos atuavam de forma descontrolada e disputavam espaços. Uma facção catarinense e outra paulista protagonizaram os principais crimes ocorridos naquela época. O cenário intensificado em 2016 e 2017 consolidava um período iniciado em 2012 em que os faccionados agiam nas ruas de SC com violência.
As ações do Estado começaram com mais intensidade no início de 2018, mas foram aumentando através dos trabalhos das polícias, com reforço na segurança ostensiva e nas investigações, e do sistema prisional, que manteve líderes de facções criminosas em presídios federais por conta da alta periculosidade e da interferência deles nas ruas. Com isso, os resultados nos índices de criminalidade foram aparecendo nos anos seguintes. As facções continuam atuando no Estado, mas com maior controle por parte das forças de segurança.
O resultado de 2021 revela que o envolvimento da sociedade por melhores índices de segurança faz efeito quando ouvido pelas autoridades através de estratégias corretas no enfrentamento à criminalidade. A missão a partir de 2022 é aperfeiçoar as ações e reduzir ainda mais as estatísticas sem deixar de esquecer o período assustador que Florianópolis e SC viveram.