06 jan Sustentabilidade e preservação ambiental
José Luiz Sardá
Geógrafo e administrador do grupo público SOS Rio do Brás
Nas últimas quatro décadas, os principais balneários da região Norte da Ilha de Santa Catarina vêm sofrendo com o adensamento populacional, a crescente urbanização desordenada e especulação imobiliária, causando impactos sociais, ambientais e de infraestrutura na região. Naquela época e mais recentemente, para alguns administradores e gestores públicos, investir em obras públicas de saneamento básico significava “enterrar o dinheiro da população”, pois os resultados não apareciam, não implicavam em votos nas eleições.
Na área ambiental temos um cenário de descaso pela falta de consciência ambiental e de gestão na preservação dos ecossistemas, em especial nossos rios, lagoas, dunas, manguezais e nos tratamentos de esgoto sanitário, que gerou a degradação ambiental, destaque os rios do Brás, Papaquara, Ratones, Capivari entre outros. Torna-se necessário e urgente uma mudança na gestão de políticas públicas visando à recuperação de nossos rios e da balneabilidade de nossas praias.
Mesmo com o programa “Floripa Se Liga Na Rede” vários imóveis continuam ligados de maneira inapropriada, permitindo que águas de chuva oriundas da drenagem pluvial e água servida de imóveis, adentre na rede coletora de esgoto, além das estações elevatórias e extravasores da Casan, que despejam resíduos e efluentes cloacais sem tratamento na rede pluvial chegando nas praias. Temos legislação e meios para coibir e fazer cumprir ao rigor da lei, ações judiciais para conter a desenfreada agressão ao meio ambiente. É inconcebível, injustificável saber que proprietários de imóveis, pousadas, hotéis e condomínios ainda despejam resíduos cloacais nas redes de drenagens pluviais ou diretamente nos córregos, rios, praias, manguezais e estuários.
Hoje, a falta de planejamento por parte dos órgãos públicos e de conscientização ambiental levou o meio ambiente ao descaso, agredindo lagoas, dunas, rios, áreas de restingas e mangues. Se sociedade civil organizada, órgãos e agentes públicos não agirem com rigor na fiscalização, aplicando penalidades severas aos infratores, com certeza acarretarão em perdas ambientais irreparáveis à flora e fauna não só na Ilha de Santa Catarina, mas em toda região da Grande Florianópolis. Floripa, teu meio ambiente agoniza, reclama. Ainda há tempo!
(ND, 06/01/2022)