27 set Planos diretores e regras ambientais limitam oferta de imóveis em SC, diz especialista
Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 26/09/2021)
No primeiro semestre deste ano, foram lançados nas principais cidades do litoral catarinense e região 144 empreendimentos de imóveis residenciais com um total de 7.436 unidades, 12% a menos do que no mesmo período do ano passado, quando foram 140 projetos com 8.450 unidades. Os dados são da empresa Brain Inteligência Estratégica, que pesquisa 700 cidades do país. Essa oferta baixa é resultado de entraves de planos diretores e restrições ambientais que prejudicam mais os consumidores da classe média e de menor renda, alerta o diretor da Brain e analista de mercado imobiliário, Fábio Tadeu Araújo. Segundo ele, Florianópolis é a cidade com mais restrições.
– Florianópolis é uma cidade que tem hoje 1.903 apartamentos novos à venda e nenhuma unidade de Casa Verde-Amarela (ex-Minha Casa Minha Vida). Se a pessoa não tem dinheiro e quer morar em Florianópolis, a única alternativa é pagar aluguel. Isso mostra como a cidade tem sido absurdamente restrita em termos de plano diretor para o mercado imobiliário. Quem paga a conta disso é o consumidor, que não tem oferta. Quando não tem oferta, os preços ficam caros ou a pessoa vai morar mais longe – destaca Araújo.
O levantamento da empresa incluiu os municípios de Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu, Tijucas, Itapema, Porto Belo, Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí, Navegantes, Joinville, Araguari e Jaraguá do Sul.
A Brain apurou que, em função das restrições, Florianópolis tem um mercado imobiliário menor do que os de Joinville e Itapema e do mesmo tamanho do conjunto das demais cidades da região metropolitana – São José, Palhoça e Biguaçu. Essas três cidades somam 1.940 imóveis novos. Além disso, dos 1.903 da capital, 25% são nos modelos studio e de um dormitório. Assim, na prática, são apenas 1.500 apartamentos para famílias que necessitam de unidades com dois a quatro dormitórios.
Araújo alerta que Joinville é outra cidade catarinense com muitas restrições para construir. Em função desse problema nos últimos anos, conta com estoque de imóveis novos abaixo da necessidade do mercado.
Economia em alta ajuda o setor
O especialista observa que Santa Catarina registra o maior crescimento econômico na Região Sul e conta com a rara condição de ter dois públicos consumidores de imóveis: os locais e os de outros estados que investem em residências de lazer. Por isso as prefeituras deveriam ajudar os consumidores, melhorando as regras para o setor de construção. Isso ajuda no desenvolvimento econômico.
– Os prefeitos deveriam aproveitar essa oportunidade para fazer uma boa urbanização. Não é evitando a construção que as pessoas não virão para morar. Elas virão. As favelas do Rio de Janeiro são uma prova disso. Se as pessoas morarem mal, elas vão prejudicar a região como um todo, considerando urbanização e trânsito – acentua ele.
O total de unidades vendidas no primeiro trimestre deste ano alcançou 5.671, o que indica uma retração de 19% frente ao mesmo período do ano passado (7.009 unidades). Esse dado de vendas incluiu apenas os das cidades de Balneário Camboriú, Blumenau Florianópolis, São José, Palhoça e Joinville.
Balneário Camboriú tem preço médio mais caro
Apesar de a inflação da construção civil ser parecida no Brasil, o preço do metro quadrado varia bastante em Santa Catarina, apurou a Brain. A média da região pesquisada ficou em R$ 8.768, mas as disparidades entre cidades são expressivas. Balneário Camboriú está no topo do Brasil nesse indicador, com o preço médio do metro quadrado mais caro do país, em R$ 14.312, o que corresponde a 63,2% acima da média da região pesquisada. Isso ocorre porque são construídos somente edifícios de luxo.
As cidades com os preços mais acessíveis foram Jaraguá do Sul com R$ 3.528 por metro quadrado (-59,8% do que média da região pesquisada), seguida por Blumenau, com R$ 4.953 ( -43,5%), região metropolitana de Florianópolis R$ 5.031 (-42,6%), Navegantes R$ 5.997 (-31,6%), Camboriú R$ 6.750 (-23%), Joinville e Araquari R$ 6.950 (-20,7%) e Bombinhas e Porto Belo R$ 7.971 (-9,1%).
Além de Balneário Camboriú, tiveram preços acima da média Florianópolis R$ 10.540 (20,1%), Itajaí R$ 9.753 (11,2%) e Itapema com R$ 9.310 (6,2%).