06 set População da Grande Florianópolis cresce o dobro da média nacional e liga sinal de alerta
Da Coluna de Renato Igor (NSC, 04/09/2021)
A população da Grande Florianópolis, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no última semana (27), cresce mais do que o dobro da média nacional. Enquanto o aumento demográfico no país é de 0,7%, a região metropolitana da capital tem um incremento de 1,6%.
Santa Catarina (1,1%) também aumenta o número de seus moradores em ritmo maior do que no Brasil.
Existem algumas conclusões simples. Além da nossa expectativa de vida ser maior do que a média nacional, o estado é procurado pelas pessoas pela qualidade de vida e oportunidades de emprego. Santa Catarina, não é de hoje, apresenta um desempenho econômico e de oferta de vagas no mercado de trabalho em níveis diferenciados para os padrões brasileiros. O perfil dos novos moradores não é mais dos aposentados que buscam a tranquilidade em praias catarinenses e, tampouco, como fora nos anos 60, 70 e 80, dos profissionais liberais que vieram atraídos pela Eletrosul e UFSC, para Florianópolis, por exemplo.
Atualmente, o que temos, na maior parte dos casos, é a chegada de famílias pobres e humildes e, muitas vezes sem qualificação profissional, que buscam Santa Catarina para “tentar a vida” e sobreviver com dignidade.
É justo, é legítimo que estas pessoas busquem o que é melhor para si e seus familiares. São seres humanos que procuram trabalho e que, ao conseguirem uma fonte de renda, ficam satisfeitos com os serviços oferecidos em terras catarinenses: creche, escola, posto de saúde e hospitais. O básico é um direito de todos, muitas vezes não encontrado em seus estados de origem.
O sinal de alerta já deveria ter tocado em nossas autoridades e naqueles que deveriam ser os responsáveis pelo planejamento urbano.
O crescimento populacional da Grande Florianópolis é superior ao da capital, que é superior ao de Santa Catarina, sendo este também maior do que a média brasileira.
O maior valor em Florianópolis é a terra legal, bastante cara. Para morar na ilha, de forma legalizada, para a população de baixa renda, é muito difícil.
Neste sentido, os imóveis em São José, Biguaçu e Palhoça são mais viáveis. Claro que estas cidades também oferecem muitas oportunidades de emprego, mas o trânsito nas pontes é um sinal do deslocamento dos trabalhadores.
Vivenciamos em toda a região o crescimento dos bolsões de pobreza, da falta de moradia digna, saneamento básico, transporte coletivo eficiente e vagas em creche.
Não há, no momento, nenhum projeto público de moradia popular em execução. Para onde as cidades irão crescer e de que forma, como atender todas as crianças e adolescentes com creches e escolas de qualidade, ruas pavimentadas e saneamento básico. Nossos gestores estão pensando nisso?
Falta-nos, também, uma governança metropolitana. A tão sonhada integração no transporte coletivo, nas ações integradas de gestão em saúde, saneamento, resíduos sólidos ainda é ficção.
A falta desse planejamento estratégico e urbanístico já está nos trazendo uma conta bastante alta. E, pelo jeito, tende a ficar mais cara ainda.