26 jul Programas de formação de talentos em tecnologia geram novas oportunidades a jovens e profissionais em Santa Catarina
O isolamento social imposto pela pandemia mudou a rotina e os planos do administrador e músico Michael Nascimento. Como milhões de brasileiros que ficaram sem renda, ele perdeu os shows em que tocava bateria e decidiu usar o tempo em casa para estudar e buscar uma recolocação profissional.
Natural de São Paulo, mas vivendo em Joinville (SC) há anos, ele já tinha alguma fluência com o universo de TI: desde os 13, brincava com montagem e manutenção de redes, e recentemente tinha desenvolvido um site de música por conta própria. Ao sair de uma empresa em 2019, decidiu que a programação seria um plano B para a carreira e começou a fazer alguns cursos de formação em tecnologia, enquanto mantinha alguns shows na agenda de trabalho.
Mas a pandemia acelerou tudo. “Fiquei completamente sem ter o que fazer e preenchi o tempo livre estudando até 14 horas por dia. Eu estava muito comprometido e, quanto mais estudava, mais me interessava por tecnologia”, lembra. Foi quando surgiu a oportunidade de participar do DEVinHouse, um programa de formação de desenvolvedores criado em parceria entre o SENAI/SC e a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).
Antes mesmo do curso terminar, Michael já estava efetivado como um dos novos “devs” da Softplan, uma das maiores empresas de TI do Sul do país e que patrocinou a turma piloto. “Em comparação com outros bons cursos rápidos para desenvolvedores, o DEVinHouse foi o que mais me agregou conhecimento. Teve muita troca, o convívio com alunos e professores ajudou muito no meu desenvolvimento – o resultado superou com folga minhas expectativas”.
A mudança de carreira também estava nos planos de Emanuelle Besckow Figueiredo, professora auxiliar concursada que mora em Biguaçu, na Grande Florianópolis. Há 12 anos na carreira de educação, ela sentia a necessidade de ir além do que a carreira estável proporcionava – mesmo reconhecendo os benefícios e pontos positivos, especialmente para uma mãe de duas filhas.
Antes da pandemia, ela começou a participar de grupos de mulheres interessadas em programação, como o PyLadies, e se identificou vendo outras pessoas em um estágio de vida semelhante. Em 2019, começou um curso de tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e, no início de 2020, pediu licença da escola para se dedicar à conclusão do curso e a uma futura vaga de estágio no setor. Logo em seguida, veio a pandemia e os planos tiveram que mudar.
Emanuelle também foi uma das primeiras alunas do DEVin House e, como Michael, hoje é uma das quase 2.000 pessoas no time da Softplan. Foi contratada no início de junho, como Software Developer Trainee.
O resultado do programa surpreendeu positivamente a empresa patrocinadora desta primeira turma. “Nossa meta era contratar 10 alunos, em uma turma de 40 pessoas, que tivessem condições de iniciar a carreira como programadores e acabamos contratando 12 dos treinandos. E outros já foram contratados por outras empresas do mercado”, conta Moacir Marafon, cofundador e hoje membro do Conselho de Administração da Softplan.
“Esse modelo em que a empresa participa desde a estruturação da grade curricular, disponibilizando mentores durante o curso para que os alunos tenham a oportunidade de exercitar na prática os conhecimentos adquiridos e resolvendo problemas reais, é a melhor forma de manter o engajamento dos alunos, reduzindo desistências e contribuindo para que já cheguem na empresa “jogando””, conclui o empresário, que também é vice-presidente de Talentos da ACATE.
Até o momento, foram abertas cinco turmas do DEVinHouse, com participação de empresas do ecossistema de tecnologia local, como ContaZAP, Teltec Solutions, Bry, Involves, PariPassu, Pixeon, Way2, Paradigma, além da Softplan. E há mais empresas interessadas em patrocinar futuras turmas.
Neste ano, pelo menos 300 pessoas devem participar dos cursos, que terão turmas em Blumenau e Joinville – além de um forte interesse de outras regiões, do Sul ao Oeste de Santa Catarina. Neste programa, realizado em formato síncrono, a meta é formar 300 alunos. No ano que vem, 800 e cerca de 2 mil em 2023.
(Confira a matéria completa em ACATE, 23/07/2021)