Apesar da pandemia, Florianópolis amplia indicador de reciclagem

Apesar da pandemia, Florianópolis amplia indicador de reciclagem

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente está tomando providências para reequilibrar o sistema de reciclagem em Florianópolis. De acordo com o secretário Fábio Braga, um dos efeitos da pandemia tem sido o desabastecimento das associações de catadores e triadores, para as quais a Prefeitura de Florianópolis doa os materiais recolhidos pela coleta seletiva da Comcap.

“Estamos atentos às dificuldades de renda provocadas pela falta generalizada de materiais recicláveis nos galpões de triagem”, aponta Fábio Braga. O serviço da Comcap está normal, mas tem havido redução na quantidade disposta para a coleta pública. Por isso, serão tomadas providências como coibir a coleta clandestina de recicláveis. Como não há legislação específica sobre esse transporte clandestino, aumenta a dificuldade de combater a evasão de materiais.

Há sete galpões em Florianópolis que trabalham de forma organizada, respeitando regras ambientais e de proteção aos trabalhadores. Estes são atendidos pela coleta seletiva da Comcap.  Em 2020, foram doadas 12 mil toneladas de papel, vidro, metal e plástico para as associações.

Disputa de material

O preço do material reciclado aumentou muito nos últimos meses, especialmente do papelão. Nesse caso, porque também cresceu a exportação de celulose e faltou o insumo no mercado nacional. Melhor preço de venda e o desemprego provocado pela pandemia acabaram estimulando a catação informal em todo Brasil.

De acordo com o gerente da Divisão de Coleta Seletiva da SMMA, Bruno Vieira Luiz, praticamente todos os roteiros de coleta seletiva da Comcap são precedidos pela ação clandestina de catadores informais. Além de diminuir a quantidade e a qualidade disponível para as cooperativas, essa ação não tem qualquer controle ambiental.

“Ninguém sabe onde é feita a separação e para onde vai o rejeito dessa ação, bem diferente dos galpões organizados onde há suporte e monitoramento do município”, afirma o engenheiro sanitarista e ambiental.

O gerador dos resíduos _pessoas, prédios ou empresas_ pode vendê-los enquanto estiver dentro do domicílio, porque se trata de um bem particular. Mas quando dispõe na rua para coleta passa a pertencer à municipalidade. Nesse caso, pertence à Comcap, operadora da coleta seletiva, e não pode ser levado por clandestinos.

Reciclagem se mantém

Apesar da pandemia, que chegou a zerar a coleta seletiva de porta em porta entre março e abril de 2020, Florianópolis ampliou em um ponto percentual, de 7% para 8%, o índice de recuperação de materiais por meio da reciclagem e compostagem.

Durante 2020, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Braga, foram movimentadas 205 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares pela Comcap. Desse total, 91,8% (188 mil toneladas) correspondem a rejeito, resíduos que, por não terem sido separados, foram entregues pelo cidadão à coleta de lixo convencional e seguiram para o aterro sanitário. Doze mil toneladas, 5,9% do total, foram destinadas à coleta seletiva feita de porta em porta ou na rede de entrega voluntária (90 PEVs de Vidro e cinco Ecopontos). E 4,6 mil toneladas, equivalentes a 2,3% do total, são recicláveis orgânicos que foram tratados em pátio de compostagem mantido em parceria com Associação Orgânica e encaminhados para ações de agricultura urbana.

A movimentação total de resíduos em Florianópolis durante a o ano da pandemia sofreu redução de 7 mil toneladas, cerca de 3% em relação a 2019.

Cidadão colaborou na entrega voluntária

De acordo com o gerente de Coleta de Resíduos Sólidos da SMMA, José Vilson de Souza, as medidas de contenção sanitária forçaram mudanças na coleta. Como principal efeito colateral, houve redução de custos e maior produtividade das equipes, principalmente da coleta seletiva que passou a ser feita também com caminhão compactador.

A frequência da coleta seletiva foi reduzida de duas para uma vez por semana, como já era na maior parte dos bairros, e de seis para duas vezes por semana no Centro. A colaboração do morador ao atender o convite da Comcap para levar as embalagens de vidro aos pontos de entrega voluntária (PEVs de Vidro) e demais recicláveis aos Ecopontos ajudou a manter a reciclagem na cidade.

“Temos de agradecer o cidadão de Florianópolis que fez questão de reciclar”, comenta Bruno. Aquele que guardou os materiais no seu domicílio até que a seletiva fosse retomada. A pessoa que foi até o PEV ou Ecoponto. Os condomínios que se empenharam na gestão dos recicláveis. “Só é possível melhorar a gestão do lixo na cidade quando a pessoa muda seu hábito, quando assume a responsabilidade pelo tipo e quantidade de resíduo que produz. Floripa mostrou que aprecia a coleta seletiva”, diz.

Movimentação de resíduos sólidos em 2020

Departamento de Coleta de Resíduos Sólidos

Comcap Secretaria Municipal de Meio Ambiente

Prefeitura de Florianópolis

Serviço   Quantidade
REJEITOS
Coleta convencional porta a porta, remoção, caixas estacionárias, Centro Valorização Resíduos e rejeito galpões de triagem 188.455 toneladas
RECICLÁVEIS
SECOS
Coleta seletiva porta a porta 8.412 toneladas
Coleta seletiva em pontos de entrega voluntária (PEVs) de vidro 1.163 toneladas
Ecopontos recicláveis secos 935 toneladas
Ecopontos vidros 626 toneladas
Doações recicláveis CVR 63 toneladas
Reciclagem de madeira  516 toneladas
Reciclagem de metais 414 toneladas
Reciclagem eletrônicos 46 toneladas
Pneus 62 toneladas
ORGÂNICOS
Coleta seletiva domiciliar orgânicos verdes (podas) 154 toneladas
Coleta seletiva domiciliar orgânicos (alimentos) 33 toneladas
Orgânicos (podas) 3.327 toneladas
Orgânicos (alimentos) 1.142 toneladas
Óleo vegetal 6,6 toneladas
 
QUADRO RESUMO
Total de resíduos coletados (porta em porta ou entrega voluntária)
peso (ton) percentual
Rejeito 188.455 91,8%
Recicláveis secos 12.178 5,9%
Recicláveis orgânicos 4.657 2,3%
Total 205.291 100%
DESVIO DO ATERRO SANITÁRIO 8,2%

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Movimentação de resíduos em 2020

(PMF, 04/03/2021)