Greve da Comcap chega ao fim após duas semanas

Greve da Comcap chega ao fim após duas semanas

Os trabalhadores da Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap) decidiram retomar as atividades nesta segunda-feira (1) depois de duas semanas de greve. Em assembleia, aprovaram a proposta da prefeitura que anula uma portaria para processo de demissões dos grevistas, estabelece que os dias de paralisação serão compensados com horas extras, não remuneradas, até que a coleta do lixo esteja em dia. Além disso, o sindicato pagará R$ 100 mil por danos ao município.

Conforme a prefeitura, ainda há imprecisão quanto a data em que o serviço será normalizado, pois são necessários diversos reparos em caminhões da Autarquia.

Na última sexta-feira, a prefeitura divulgou uma autorização da Justiça para abertura de processos de demissão dos servidores, caso não retornassem ao trabalho. O movimento foi declarado ilegal pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que determinou retomada imediata das atividades nos primeiros dias de greve.

Na última quinta (28), o Ministério Público de Santa Catarina requisitou à Polícia Civil a instauração de um inquérito para apurar a responsabilidade do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) pelo descumprimento dessa decisão judicial.

Em entrevista ao Notícia na Manhã desta segunda-feira, o presidente da câmara Roberto Katumi (PSD) informou que participou de uma reunião nesse domingo com representantes do Sintrasem para discutir o fim da paralisação. O encontro teve a presença do secretário da Casa Civil, Everson Mendes, e do vereador Edinon Manoel da Rosa, Dinho, (DEM), que também é servidor da Comcap.

Além do compromisso de que não haverá desconto no salário dos dias de greve, o acordo tem outros três pontos, como divulgou o colunista Anderson Silva.​

1 – os trabalhadores vão compensar as horas não trabalhadas em horas extras sem remuneração;

2 – fim da comissão que analisaria possível demissão por justa causa de servidores grevistas;

3 – pagamento de multa de R$ 100 mil pelo sindicato da categoria por danos causados à Comcap nas últimas duas semanas.​

A paralisação começou no dia 18 de janeiro e no dia 20 a categoria declarou greve, em protesto ao projeto do prefeito Gean Loureiro, aprovado pela câmara de vereadores, que altera diversos benefícios da categoria.​

Com o prolongamento da paralisação, o Executivo contratou uma empresa terceirizada para fazer a coleta de resíduos. Diante do acúmulo de lixo nas ruas de diversos bairros, outras três empresas foram contratadas para o serviço e a cidade foi dividida em cinco regiões para um mutirão de coleta. Na manhã desta segunda, ainda havia lixo espalhado pela cidade.

Na manhã desse domingo (31), trabalhadores, familiares e apoiadores do movimento reuniram milhares de pessoas numa caminhada por cerca de 3 horas pelas ruas na região Continental.

Durante a paralisação, os trabalhadores bloquearam o acesso ao Centro de Valorização de Resíduos (CVR), no Itacorubi, a unidade da Comcap onde é feito o transbordo do lixo para transporte até o aterro sanitário.​

Com isso, a prefeitura passou a usar os fundos da Passarela Nego Quirido para esta finalidade. A opção resultou numa multa do Instituto do Meio Ambiente (IMA), no valor de R$135 mil, aplicada à Comcap, por depósito de resíduo em local inadequado. A Autarquia pode recorrer da decisão.

A prefeitura afirma que caminhões e carretas estacionados na unidade do Itacorubi teriam sido danificados pelos trabalhadores. A farmácia de um vereador também teve vidros quebrados e a suspeita do parlamentar é que os grevistas tenham envolvimento no caso. O Sintrasem nega participação da categoria em qualquer ato criminoso.

Ouça entrevista com Roberto Katumi:

(CBN Diário, 01/02/2021)