03 dez Toque de recolher em SC será inócuo com fiscalização falha
Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 03/12/2020)
O toque de recolher anunciado pelo governo de Santa Catarina contra o coronavírus dependerá de um fator que falhou nos últimos meses: a fiscalização. Mesmo com regras para funcionamentos de diferentes tipos de estabelecimentos e aglomerações, o Estado viu se repetirem aos finais e semana imagens de festas irregulares. Não houve efetividade no cumprimento das regras, assim como as inspeções falharam – salvo em casos isolados. Caso isso continue ocorrendo, o toque de recolher anunciado por Carlos Moisés da Silva e os prefeitos será inócuo.
Claramente, ao decidir por restringir a circulação durante a madrugada, o Estado sinaliza que o aumento de casos está ligado às festas e movimentação de pessoas em ambientes irregulares. Descarta, ao mesmo tempo, que o vírus esteja se espalhando por outros motivos e nas demais possibilidades. A medida de limitar o transporte coletivo em 70%, outra ação anunciada pelo Estado, pouco altera um cenário onde muitas cidades já adotam o controle de capacidade dos veículos.
Com o toque de recolher como principal medida, o governo catarinense arrisca. Coloca no foco uma ação que até agora não funcionou efetivamente. Além disso, conta com a participação das pessoas, visivelmente cansadas e desalinhadas às medidas que estão em vigor. Na prática, se as regras já estabelecidas fossem cumpridas, o toque de recolher seria desnecessário.
Torna-se contraditório ver Santa Catarina apostar na restrição de circulação durante a madrugada sendo que os regramentos já impossibilitavam aglomerações. Outro sinal que o Estado dá é de que não quis avançar sobre mais setores. Vai colocar as fichas numa medida que não deu certo antes.
Por isso terá que provar que o toque de recolher surte efeito. Estamos com 15 das 16 regiões catarinenses no nível gravíssimo. Desperdiçar tempo e ações neste momento será ainda mais preocupante. O Estado não pode mais errar.