03 ago Florianópolis precisa deixar de ser a cidade da maquete
Da Coluna de Renato Igor (NSC, 01/08/2020)
Há 24 anos trabalhando como jornalista em Florianópolis já cansei de ver projetos, datashow, exposições e PowerPoint de ações inovadores e obras para a capital. Acompanhei o Plamus – Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis – talvez o mais sério de todos, lançado em 2014, e que prevê corredores exclusivos para os ônibus rápidos (BRT). Não temos um quilômetro até agora. Em Portugal, acompanhei o lançamento do projeto para o metrô de superfície para Florianópolis. Tem, ainda, o projeto do teleférico e até outro, que não custou barato, e que previa um redesenho da orla catarinense, onde o aeroporto internacional sairia do sul da ilha para Tijucas e o terminal rodoviário Rita Maria iria para as margens da BR-101.
Além disso, as entidades da sociedade civil, cada uma delas, apresentava o seu plano para uma Florianópolis melhor- com livros em capa dura, belas fotos ilustrativas de uma cidade de gente sorrindo em amplas ciclovias, transportes marítimo e coletivo de qualidade. O movimento Floripa Sustentável, que reúne todas, é um grande avanço.
Nesta semana, a Câmara de Tecnologia e Inovação do Sistema Fecomércio apresentou o estudo Smart Floripa 2030: Transformando Florianópolis numa Cidade Inteligente de Inovação, desenvolvido em parceria com a UFSC, Universidade de São Paulo, Queensland University of Technology, Prefeitura da Capital, Instituto Lixo Zero, FloripAmanhã, Sebrae SC e Governo de Santa Catarina.
A conclusão é que os desafios são muitos. Segundo o trabalho realizado, é necessário criar um planejamento estratégico voltado para este objetivo; aumentar a coordenação entre poder público, iniciativa privada, entidades sem fins lucrativos e sociedade; ampliar o número de mulheres em cargos de liderança e empreendedorismo com foco em inovação; estimular a internacionalização de mercados; adotar novos modais de transporte; levar inovação para outros segmentos, como o turismo; reter mão de obra qualificada; melhorar a infraestrutura, além de dezenas de outros aspectos destacados pelos pesquisadores.
Parabéns à Fecomércio e parceiros pelo projeto apresentado. Sem dúvida, um conteúdo rico e que pode ser muito bem aproveitado.
Que tenhamos articulação com todos os setores da sociedade e pensamento no longo prazo, com projetos de Estado e não de governo.
Assim, não seremos mais a capital da maquete.
Acompanhe a entrevista com Jamile Sabatini Marques, presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação do Sistema Fecomércio: