Demissões: a conta da Covid-19 bate às portas de empresas de tecnologia em Santa Catarina

Demissões: a conta da Covid-19 bate às portas de empresas de tecnologia em Santa Catarina

A conta da crise econômica provocada pela Covid-19 começou a bater em algumas scale-ups catarinenses que vinham crescendo de maneira acelerada nos últimos anos. Somente na última semana, empresas como a ContaAzul, de Joinville, e a Movidesk, de Blumenau, anunciaram demissões de parte de suas equipes – em ambos os casos, os comunicados foram feitos pelos seus CEOs em posts no LinkedIn.

Movidesk, que desenvolve uma plataforma de atendimento (help desk), precisou dispensar 33 dos 134 colaboradores na semana passada. A queda imediata e significativa de novas vendas, cancelamentos e a redução de contratos com clientes, além da inadimplência e pedidos de negociação levaram a empresa a tomar tal decisão.

“Nos últimos 30 dias, além do congelamento de algumas contratações que tínhamos em aberto, trabalhamos ativamente pela redução de várias despesas operacionais e renegociação de contrato com fornecedores. Porém, todo o movimento não seria suficiente, considerando que a folha salarial consome praticamente toda a nossa receita”, explicou o CEO Donisete Gomes na rede social.

A empresa cresceu de maneira impressionante nos últimos dois anos: em 2018, quando tinha 50 colaboradores e faturamento de R$ 2 milhões/ano, recebeu o primeiro aporte de um fundo de venture capital. No ano passado, levantou nova rodada – no valor de R$ 9 milhões – e ampliou a sede em Blumenau.

ContaAzul, que se tornou uma das principais referências do ecossistema de startups surgido nesta década em Santa Catarina, também precisou reduzir a equipe, embora não tenha divulgado o total de demissões. Desenvolvedora de software de gestão em nuvem para pequenas empresas – um dos segmentos mais afetados pela atual crise – a ContaAzul contava com cerca de 400 colaboradores em Joinville e São Paulo.

“Agimos rapidamente. Fomos um dos primeiros a colocar 100% do time em home office. Cancelamos viagens, eventos e investimento de marketing, cortamos custos e despesas não essenciais, pausamos investimentos ligados a crescimento. Mas mesmo assim, não foi o suficiente”, lamentou o CEO e cofundador Vinicius Roveda em publicação no último sábado (18).

Em 2018, a ContaAzul recebeu investimento de R$ 100 milhões liderado pelo fundo norte-americano Tiger Global Management. “Vivemos nos últimos 3 anos o melhor momento da ContaAzul. Construímos a musculatura ideal para executar um plano audacioso: reforçamos o nosso time, lançamos novos produtos e entramos em um novo mercado”, ressaltou Vinicius.

Ambas as empresas comunicaram ações para apoiar as pessoas que foram desligadas em função da crise. A Movidesk, por exemplo, disponibilizou uma planilha com contatos dos profissionais a outras empresas que estejam com vagas abertas.

FINTECH MANTÉM CONTRATAÇÕES PARA O PERÍODO

Na contramão do cenário de demissões, a fintech PagueVeloz manteve as contratações programadas para o período e anunciou a contratação de 18 profissionais nos últimos 30 dias, o que representa uma ampliação de quase 20% do seu quadro de colaboradores (são 90, distribuídos entre Blumenau e São Paulo).

A empresa, que desenvolve uma solução para intermediação de pagamentos em nichos específicos de negócio, lançou em março um novo serviço que permite o pagamento via link. Com a facilidade, que dispensa a máquina do cartão e o deslocamento do cliente até o fornecedor dos serviços, o uso do recurso cresceu 130% em um mês.

“Acreditamos que este momento é também de estruturar o negócio para seguirmos crescendo. Nossa solução é utilizada por pequenas empresas, especialmente as do ramo automotivo e de serviços, que precisam de uma solução prática para controlar suas finanças, realizando rapidamente cobranças, emissão de boletos, parcelamento e até mesmo solicitação de crédito”, avalia Paulo Gomes, CEO da empresa.

(SC Inova, 20/04/2020)